Extrato de Eugenia dysenterica DC. microencapsulado para aplicação em alimentos

Autores

DOI:

https://doi.org/10.5965/223811712432025701

Palavras-chave:

Cagaita, micropartícula, gelificação iônica, Cerrado

Resumo

Eugenia dysenterica DC. é um fruto do Cerrado com grande potencial econômico para aplicações alimentares e medicinais. Sua composição fitoquímica apresenta potenciais benefícios para a saúde, especialmente os compostos fenólicos, que possuem significativa atividade antioxidante. No entanto, por serem altamente reativos, podem perder sua estabilidade e função sob certas condições específicas, afetando seu potencial antioxidante. Este estudo teve como objetivo desenvolver e caracterizar micropartículas para proteger os compostos bioativos presentes nas folhas de E. dysenterica DC. para aplicação em alimentos. As micropartículas foram produzidas utilizando a técnica de gelificação iônica com alginato e pectina (materiais de parede) e avaliadas quanto à morfologia, diâmetro médio, umidade e eficiência de encapsulação. O teor de compostos fenólicos e a atividade antioxidante foram determinados para o extrato e as micropartículas. A análise qualitativa dos compostos fenólicos e da atividade antioxidante foi realizada por Cromatografia em Camada Delgada (CCD). As micropartículas apresentaram formato predominantemente esférico, com diâmetro médio de 46,06 ± 18,81 μm, teor de umidade de 92,01% e eficiência de encapsulação de 16,10%. Ao utilizar metanol como solução extratora, o extrato foliar apresentou teor de compostos fenólicos totais de 171,89 mg EAG.100g⁻¹ e atividade antioxidante de 91,09%, enquanto as micropartículas apresentaram teor de compostos fenólicos de 27,65 mg EAG.100g⁻¹ e atividade antioxidante de 34,17%. A análise qualitativa indicou a presença de compostos fenólicos e atividade antioxidante no extrato, os quais não foram detectados nas micropartículas. A baixa concentração de compostos e a baixa atividade nas micropartículas podem estar associadas à porcentagem de extrato incorporada ao processo de produção, à concentração do extrato e ao diâmetro das partículas. A concentração do extrato no processo de produção demonstra ser uma variável importante para melhorar a incorporação de compostos fenólicos, visto que a microencapsulação por gelificação iônica tem aplicação potencial em produtos alimentícios, pois proporciona proteção aos compostos antioxidantes, enquanto o tamanho das micropartículas é um fator importante para não alterar a percepção sensorial do alimento.

Downloads

Não há dados estatísticos.

Referências

ALEXANDRE JB et al. 2024. Encapsulation of beetroot extract (Beta vulgaris L.) obtained by internal and external ionic gelation: a comparative study. Food Science and Technology 44: e00225.

AOAC. 2006. ASSOCIATION OF OFFICIAL ANALYTICAL CHEMISTS. Official methods of analysis of AOAC International. Washington: AOAC.

ARRIOLA NDA et al. 2019. Encapsulation of Stevia rebaudiana bertoni aqueous crude extracts by ionic gelation – Effects of alginate blends and gelling solutions on the polyphenolic profile. Food chemistry 275: 124-134.

ARRUDA HS et al. 2022. Underexploited Brazilian Cerrado fruits as sources of phenolic compounds for diseases management: A review. Food Chemistry: Molecular Sciences 5: 100148.

AZEVEDO ES & NORENÃ CPZ. 2021. External ionic gelation as a tool for the encapsulation and stability of betacyanins from Bougainvillea glabra bracts extract in a food model. Journal of Food Processing and Preservation 45: e15637.

BASTOS RG et al. 2016. Chemical characterization and antimicrobial activity of hydroethanolic crude extract of Eugenia florida DC (Myrtaceae) leaves. International Journal of Pharmacy and Pharmaceutical Sciences 8: 110-115.

BELSCAK-CVITANOVIC A et al. 2011. Encapsulation of polyphenolic antioxidants from medicinal plant extracts in alginate – chitosan system enhanced with ascorbic acid by electrostatic extrusion. Food Research International 44: 1094–1101.

BORGES PRS et al. 2022. The bioactive constituents and antioxidant activities of ten selected Brazilian Cerrado fruits. Food Chemistry: X 14:100268.

BRAND-WILLIAMS W et al. 1995. Use of a free radical method to evaluate antioxidant activity. Food Science and Technology 28: 5-30.

BUDIN AC et al. 2023. Stability of yerba mate extract, evaluation of its microencapsulation by ionic gelation and fluidized bed drying. Heliyon 9: e16611.

CARVALHO AGS et al. 2019. Anthocyanins from jussara (Euterpe edulis Martius) extract carried by calcium alginate beads pre-prepared using ionic gelation. Powder Technology 345: 283-291.

DELADINO L et al. 2008. Encapsulation of natural antioxidants extracted from Ilex paraguariensis. Carbohydrate Polymers 71: 126-134.

FERREIRA-NUNES R et al. 2018. Incorporation of Eugenia dysenterica extract in microemulsions preserves stability, antioxidant effect and provides enhanced cutaneous permeation. Journal of Molecular Liquids 265: 408–415.

HERMAN-LARA E et al. 2024. Encapsulation of hydroalcoholic extracts of Moringa oleifera seed through ionic gelation. LWT 203:116368.

HOLKEM AT et al. 2015. Emulsificação/gelificação iônica interna: alternativa para microencapsulação de compostos bioativos. Ciência e Natura 37: 116-124.

JORGE N et al. 2010. Eugenia dysenterica DC: antioxidant activity, fatty acids profile and tocopherols determination. Revista Chilena de Nutricion 37: 208-214.

JUSTINO AB et al. 2022. Flavonoids and proanthocyanidins-rich fractions from Eugenia dysenterica fruits and leaves inhibit the formation of advanced glycation end-products and the activities of α-amylase and α-glucosidase. Journal of Ethnopharmacology 285: 114902.

LIMA TB et al. 2011. In vivo effects of cagaita (Eugenia dysenterica, DC.) leaf extracts on diarrhea treatment. Evidence-Based Complementary and Alternative Medicine 2011: 1–10.

JYOTHI NVN et al. 2010. Microencapsulation techniques, factors influencing encapsulation efficiency. Journal of Microencapsulation 27: 187–197.

LOPES MP. 2017. Avaliação da Atividade Antimicrobiana de Plantas do Cerrado Brasileiro sobre Espiroquetas do Complexo Borrelia burgdorferi sensu lato (s.l.). Dissertação (Mestrado em Ciências Biomédicas). Lisboa: Universidade Nova de Lisboa. 86p.

MARTINOVIĆ J et al. 2023. In Vitro Bioaccessibility Assessment of Phenolic Compounds from Encapsulated Grape Pomace Extract by Ionic Gelation. Molecules 28: 5285.

MELO FO & CONSTANT PBL. 2021. Microencapsulação por Gelificação Iônica: uma prospecção tecnológica com base no INPI. Cadernos de Prospecção 14: 1236-1247.

MOURA-FILHO JM et al. 2017. Determinação do solvente ótimo para extração dos compostos fenólicos do fruto de buriti. Brazilian Journal of Food Research 8: 22-28.

MUKAI-CORREA R et al. 2007. Controlled release of protein microencapsulated by ionic gelation. Current Drug Delivery 1: 265-273.

NASCIMENTO ALAA et al. 2020. Chemical characterization and antioxidant potential of native fruits of the Cerrado of northern Minas Gerais. Brazilian Journal of Food Technology 23: e2019296.

OTÁLORA MC et al. 2016. Encapsulating betalains from Opuntia ficus-indica fruits by ionic gelation: Pigment chemical stability during storage of beads. Food Chemistry 202: 373–382.

RAMÍREZ LDD et al. 2017. Functional properties of encapsulated Cagaita (Eugenia dysenterica DC.) fruit extract. Food Bioscienc 18: 15-21.

RIBEIRO MCE et al. 2014. Effect of microencapsulation of Lactobacillus acidophilus LA-5 on physicochemical, sensory and microbiological characteristics of stirred probiotic yoghurt. Food Research International 66: 424–431.

ROCHA MS et al. 2013. Caracterização físico-química e atividade antioxidante (in vitro) de frutos do cerrado piauiense. Revista Brasileira de Fruticultura 35: 933-941.

ROCHA WS et al. 2011. Compostos fenólicos totais e taninos condensados em frutas nativas do cerrado. Revista Brasileira de Fruticultura 33: 1215-1221.

ROESLER R et al. 2007. Atividade antioxidante de frutas do cerrado. Ciência e Tecnologia de Alimentos 27: 53-60.

SANTOS MAI et al. 2016. Effect of different extraction methods on the antioxidant activity and phenolic compounds profile of cassava leaf. Brazilian Journal Food Technology 19: e2015067.

SCHAFFAZICK SR et al. 2003. Caracterização e estabilidade físico-química de sistemas poliméricos nanoparticulados para administração de fármacos. Química Nova 26: 726-737.

SCHIASSI MCEV et al. 2018. Fruits from the Brazilian Cerrado region: Physico-chemical characterization, bioactive compounds, antioxidant activities, and sensory evaluation. Food Chemistry 245: 305-311.

SILVA RSM et al. 2001. Caracterização de frutos e arvores de cagaita (Eugenia dysenterica DC.) no sudoeste do estado de Goiás, Brasil. Revista Brasileira de Fruticultura 23: 330-334.

SILVA SMM et al. 2015. Eugenia dysenterica Mart. Ex Dc. (Cagaita): Planta brasileira com potencial terapêutico. Infarma - Ciências Farmacêuticas 27: 49-95.

SOUSA CMM et al. 2007. Fenóis totais e atividade antioxidante de cinco plantas medicinais. Química Nova 30: 351-355.

TOMÉ AC & SILVA FA. 2022. Alginate based encapsulation as a tool for the protection of bioactive compounds from aromatic herbs. Food Hydrocolloids for Health 2: 100051.

VANISKI R et al. 2017. Técnicas e materiais empregados na microencapsulação de probióticos. Brazilian Journal of Food Research 8: 156-184.

Publicado

2025-10-10

Como Citar

JUNIOR, Sebastião Moreira dos Santos; NDIAYE, Eliane Augusto; OLIVEIRA, Thiago Teixeira de; OLIVEIRA, Keily Alves de Moura; CHAVES, Karina da Silva. Extrato de Eugenia dysenterica DC. microencapsulado para aplicação em alimentos. Revista de Ciências Agroveterinárias, Lages, v. 24, n. 3, p. 701–712, 2025. DOI: 10.5965/223811712432025701. Disponível em: https://www.revistas.udesc.br/index.php/agroveterinaria/article/view/25846. Acesso em: 19 dez. 2025.

Edição

Seção

Artigo de Pesquisa - Multiseções e Áreas Correlatas

Artigos mais lidos pelo mesmo(s) autor(es)