Propagação vegetativa de porta-enxertos e enxertia da ameixeira ‘Irati’ em estacas herbáceas recém-enraizadas

Autores

DOI:

https://doi.org/10.5965/223811712142022456

Palavras-chave:

produção de mudas, enraizamento adventício, Prunus salicina, Prunus, Prunus domestica, rizoma

Resumo

No Brasil, as mudas de ameixeira são tradicionalmente produzidas por enxertia interespecífica, sendo o porta-enxerto propagado a partir de sementes de pessegueiro, muitas vezes obtidas do resíduo da industrialização do pêssego, o que promove heterogeneidade entre os porta-enxertos. Além disso, o sistema convencional de produção de mudas de ameixeira em condições de campo demanda em torno de 18 meses, desde a obtenção dos caroços à comercialização das mudas enxertadas. O objetivo do presente trabalho foi avaliar a viabilidade técnica do enraizamento adventício de estacas herbáceas de seis cultivares de Prunus spp., bem como a realização da enxertia da ameixeira ‘Irati’ nas estacas recém-enraizadas em casa de vegetação, visando reduzir o tempo necessário para produzir mudas com porta-enxertos clonados. Dois experimentos foram conduzidos em casa de vegetação, envolvendo a fase de propagação do porta-enxerto (1) e a fase da enxertia da ameixeira ’Irati’ nas estacas recém-enraizadas (2). Nas condições experimentais adotadas, conclui-se que é tecnicamente viável a propagação vegetativa de cultivares de Prunus spp. sob nebulização intermitente, utilizando-se estacas herbáceas com 22 cm de comprimento. As cultivares Genovesa, Marianna 2624 e Myrobalan 29C apresentam boa capacidade de propagação, com alta porcentagem de estacas enraizadas vivas (>90%) e baixa mortalidade na aclimatação (≤5,0%). A enxertia de “borbulhia de escudo com lenho” da ameixeira ‘Irati’, realizada em abril na estaca original do porta-enxerto, apresenta baixas porcentagens de pegamento (entre 17,1% e 31,4%) e o início do crescimento dos enxertos só é observado no final do inverno. Considerando os períodos necessários ao enraizamento da estaca herbácea e ao crescimento satisfatório do enxerto, para o plantio da muda na época adequada (inverno), não é possível produzir mudas enxertadas da ameixeira ‘Irati’ em tempo inferior a 12 meses, contado a partir da estaquia.

Downloads

Não há dados estatísticos.

Referências

AGRIANUAL. 2022. Anuário da Agricultura Brasileira. São Paulo: FNP Consultoria & Comércio. 149p.

BENDER A et al. 2021. Qualidade físico-química de ameixas ‘Letícia’ produzidas sobre porta-enxertos clonais e em plantas autoenraizadas, no meio-oeste de Santa Catarina. Revista de Ciências Agroveterinárias 20: 1-11.

CARDOSO C et al. 2011. AIB e substratos no enraizamento de estacas de pessegueiro ‘Okinawa’ coletadas no outono. Semina: Ciências Agrárias 32: 1307-1314.

CARVALHO RIN et al. 2010. Endodormência de gemas de pessegueiro e ameixeira em região de baixa ocorrência de frio. Revista Brasileira de Fruticultura 32: 769-777.

CARVALHO RIN & BIASI LA. 2012. Índice para a avaliação da intensidade de dormência de gemas de fruteiras de clima temperado. Revista Brasileira de Fruticultura 34: 936-940.

CAVICHIOLI JC et al. 2009. Uso de câmara úmida em enxertia hipocotiledonar de maracujazeiro-amarelo sobre três porta-enxertos. Revista Brasileira de Fruticultura 31: 532-538.

CHAVES RC et al. 2004. Enxertia de maracujazeiro-azedo em estacas herbáceas enraizadas de espécies de Passifloras nativas. Revista Brasileira de Fruticultura 26: 120-123.

DALBÓ MA & BRUNA ED. 2021. Cultivares de ameixeira. In: DALBÓ MA. (Eds.). A cultura da ameixeira em Santa Catarina. Florianópolis: Epagri. p.31-39.

DICK JMP & LEAKEY RRB. 2006. Differentiation of the dynamic variables affecting rooting ability in juvenile and mature cuttings of cherry (Prunus avium). Journal of Horticultural Science & Biotechnology 81: 296-302.

DUCROQUET JPHJ & DALBÓ MA. 2007. SCS 409 Camila e SCS 410 Piuna - Novas cultivares de ameixeira com resistência à escaldadura das folhas. Agropecuária Catarinense 20: 67-70.

DUTRA LF & KERSTEN E. 1996. Efeito do substrato e da época de coleta dos ramos no enraizamento de estacas de ameixeira (Prunus salicina Lindl.). Ciência Rural 26: 361-366.

DUTRA LF et al. 2002. Época de coleta, ácido indolbutírico e triptofano no enraizamento de estacas de pessegueiro. Scientia Agricola 59: 327-333.

FAO. 2022. Countries by commodity. Disponível em: <https://www.fao.org/faostat/en/#rankings/countries_by_ commodity>. Acesso em: 25 abr. 2022.

GASPAR T et al. 1992. Practical uses of peroxidase activity as a predictive marker of rooting performance of micropropagated shoots. Agronomie 12: 757-765.

GOMEZ L et al. 2020. Spatial-temporal management of nitrogen and carbon on the peach tree (Prunus persicae L. Batsch.). Scientia Horticulturae 273: 1-13.

GRADZIEL TM. 2003. Interspecific hybridization and subsequent gene introgression within Prunus subgenus amygdalus. Acta Horticulturae 622: 249-255.

GUERRA LJ et al. 1992. Influência do alagamento na mortalidade do pessegueiro e da ameixeira. Pesquisa Agropecuária Brasileira 27: 499-508.

GU X et al. 2021. Melatonin enhances the waterlogging tolerance of Prunus persica by modulating antioxidant metabolism and anaerobic respiration. Journal of Plant Growth Regulation 40: 2178-2190.

HAIDER MS et al. 2018. Drought stress revealed physiological, biochemical and gene-expressional variations in ‘Yoshihime’ peach (Prunus persica L.) cultivar. Journal of Plant Interactions 13: 83-90.

HARTMANN HT et al. 2002. Plant propagation: principles and practices. 7.ed. New Jersey. Prentice-Hall. 880p.

HEIDE OM. 2008. Interaction of photoperiod and temperature in the control of growth and dormancy of Prunus species. Scientia Horticulturae 115: 309-314.

IBGE. 2017. Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística Censo Agro. Disponível em: https://censos.ibge.gov.br/agro/2017/templates/censo_agro/resultadosagro/agricultura.html?localidade=0&tema=78210 Acesso em: 18 nov. 2021.

JIMÉNEZ S et al. 2013. Physiological, biochemical and molecular responses in four Prunus rootstocks submitted to drought stress. Tree Physiology 33: 1061-1075.

JOHNSON EP et al. 2020. Rooting response of Prunus wild relative semi-hardwood cuttings to indole-3-butyric acid potassium salt (KIBA). Scientia Horticulturae 263: 1-7.

KERSTEN E et al. 1994. Enraizamento de ameixeira (Prunus salicina, Lindl.) em diferentes épocas de coleta das estacas. Ciência Rural 25: 169-170.

KRUGNER R & LEDBETTER CA. 2016. Rootstock effects on almond leaf scorch disease incidence and severity. Plant Disease 100: 1617-1621.

LACKMAN KP et al. 2022. Screening for adventitious rooting in clonal selections of peach rootstocks. Amazonian Journal of Agricultural and Environmental Sciences 65: 1-10.

LANG GA et al. 1987. Endodormancy, Paradormancy, and Ecodormancy: physiological terminology and classification for dormancy research. Journal of the American Society for Horticultural Science 22: 371-377.

MAROLI L et al. 2014. Produção de mudas de videira cv. Bordô/Paulsen 1103 pela enxertia de mesa com estratificação. Revista Brasileira de Fruticultura 36: 673-679.

MAYER NA et al. 2017. Advances in peach, nectarine and plum propagation. Revista Brasileira de Fruticultura 39: 1-21.

MAYER NA et al. 2018. Leaf nutrient content on seven plum cultivars with grafted by budding or own-rooted trees. Revista Brasileira de Fruticultura 40: 1-12.

MAYER NA et al. 2020. Cloning of rootstock selections of Prunus spp. cultivars by softwood cuttings. Scientia Horticulturae 273: 1-11.

MAYER NA et al. 2021. Adventitious rooting of cultivars and clonal selections of Prunus spp. rootstock under intermittent system. Revista Ceres 68: 230-238.

MINDELLO NETO UR & BALBINOT JUNIOR AA. 2004. Enraizamento de estacas herbáceas de pessegueiro, cultivar Jubileu, com imersão rápida em AIB. Revista Agropecuária Catarinense 17: 88-90.

MIRANDA CSD et al. 2004. Enxertia recíproca e aib como fatores indutores do enraizamento de estacas lenhosas dos porta-enxertos de pessegueiro ‘Okinawa’ e Umezeiro. Ciência e Agrotecnologia 28: 778-784.

MOING A & GAUDILLÈRE JP. 1992. Carbon and nitrogen partitioning in peach/plum grafts. Tree Physiology 10: 81-92.

MONDRAGÓN-VALERO A et al. 2017. Physical mechanisms produced in the development of nursery almond trees (Prunus dulcis Miller) as a response to the plant adaptation to different substrates. Rhizosphere 3: 44-49.

MORENO MA et al. 1995. Adesoto 101, a plum rootstock for peaches and other stone fruit. Journal of the American Society for Horticultural Science 30: 1314-1315.

NACHTIGAL JC. 1999. Obtenção de porta-enxertos ‘Okinawa’ e de mudas de pessegueiro (Prunus persica (L.) Batsch) utilizando métodos de propagação vegetativa. Tese (Doutorado em Agronomia). Jaboticabal: UNESP. 165p.

OLEIRA CM & BROWNING G. 1993. Effect of juvenility status on growth and endogenous IAA and ABA in Prunus avium callus of internodal origin. Journal of Horticultural Science 68: 565-573.

OLIVEIRA I et al. 2018. Compared leaf anatomy and water relations of commercial and traditional Prunus dulcis (Mill.) cultivars under rain-fed conditions. Scientia Horticulturae 229: 226-232.

OPAZO I et al. 2020. Rootstocks modulate the physiology and growth responses to water deficit and long-term recovery in grafted stone fruit trees. Agricultural Water Management 228: 1-11.

OSTERC G et al. 2016. Quantification of IAA metabolites in the early stages of adventitious rooting might be predictive for subsequent differences in rooting response. Journal of Plant Growth Regulation 35: 534-542.

OSTERC G & STAMPAR F. 2015. Maturation changes auxin profile during the process of adventitious rooting in Prunus. European Journal of Horticultural Science 80: 225-230.

PAULA LA et al. 2011. Reação de porta-enxertos de pessegueiro à Meloidogyne incognita. Revista Brasileira de Fruticultura 33: 680-684.

PEREIRA EBC et al. 2002. Avaliação de métodos de enxertia em mudas de mangabeira. Planaltina: Embrapa. 15p. (Boletim de Pesquisa e Desenvolvimento 50).

PIMENTEL P et al. 2014. Physiological and morphological responses of Prunus species with different degree of tolerance to long-term root hypoxia. Scientia Horticulturae 180: 14-23.

PINOCHET J et al. 1996. Prunus rootstocks evaluation to root-knot and lesion nematodes in Spain. Journal of Nematology 28: 616-623.

PINOCHET J et al. 1999. Resistance of peach and plum rootstocks from Spain, France and Italy to Root-knot Nematode Meloidogyne javanica. Journal of the American Society for Horticultural Science 34: 1259-1262.

RADMANN EB et al. 2014. Interação entre o genótipo e AIB no enraizamento de estacas semilenhosas de porta-enxertos de pessegueiro. Nativa Pesquisas Agrárias e Ambientais 2: 229-233.

RADOVIC M et al. 2020. Influence of rootstocks on the chemical composition of the fruits of plum cultivars. Journal of Food Composition and Analysis 92: 1-9.

REGINA MA. 2002. Produção e certificação de mudas de videira na França 2: Técnica de produção de mudas pela enxertia de mesa. Revista Brasileira de Fruticultura 24: 590-596.

REIG G et al. 2018a. Horticultural, leaf mineral and fruit quality traits of two ‘Greengage’ plum cultivars budded on plum based rootstocks in Mediterranean conditions. Scientia Horticulturae 232: 84-91.

REIG G et al. 2018b. Potential of new Prunus cerasifera based rootstocks for adapting under heavy and calcareous soil conditions. Scientia Horticulturae 234: 193-200.

REIG G et al. 2019. Long-term graft compatibility study of peach-almond hybrid and plum based rootstocks budded with European and Japanese plums. Scientia Horticulturae 243: 392-400.

REIS JMR et al. 2010. Métodos de enxertia e ambientes na produção de mudas de pessegueiro cv. ‘Diamante’. Pesquisa Agropecuária Tropical 40: 200-205.

RIBAS CP et al. 2007. Ácido indolbutírico no enraizamento de estacas semilenhosas das cultivares de pessegueiro Della nona e Eldorado. Scientia Agraria 8: 439-442.

RODRIGUES AC et al. 2002. Peroxidases e fenóis totais em tecidos de porta-enxertos de Prunus sp. nos períodos de crescimento vegetativo e de dormência. Ciência Rural 32: 559-564.

ROSA GGD et al. 2017. Propagação de porta-enxerto de Prunus spp. por estaquia: efeito do genótipo, do estádio de desenvolvimento do ramo e tipo de estaca. Revista Ceres 64: 90-97.

RUBIO-CABETAS MJ et al. 2018. Preformed and induced mechanisms underlies the differential responses of Prunus rootstock to hypoxia. Journal of Plant Physiology 228: 134-149.

SCHWENGBER JE et al. 2002. Utilização de diferentes recipientes na produção da ameixeira através de estacas. Revista Brasileira de Fruticultura 24: 285-288.

SILVA VAL et al. 2014. Enxertia simultânea com estaquia herbácea na propagação do pessegueiro. Congresso Brasileiro de Fruticultura 23: 1-4.

SMALLEY TJ et al. 1991. Photosynthesis and leaf water, carbohydrate, and hormone status during rooting of stem cuttings of Acer rubrum. Journal of the American Society for Horticultural Science 116: 1052-1057.

SOLARI LI et al. 2006. The relationship of hydraulic conductance to root system characteristics of peach (Prunus persica) rootstocks. Physiologia Plantarum 128: 324-333.

SOTTILE F et al. 2012. Rootstocks evaluation for European and Japanese plum in Italy. Acta Horticulturae 968: 137-146.

STANICA F. 2007. Propagation of Prunus rootstocks by hardwood cuttings on composed rooting substrates. Acta Horticulturae 734: 309-311.

STEFANCIC M et al. 2007. The effects of a fogging system on the physiological status and rooting capacity of leafy cuttings of woody species. Trees 21: 491-496.

SZABÓ V et al. 2014. Effects of biostimulator and leaf fertilizers on Prunus mahaleb L. stockplants and their cuttings. Acta Scientiarum Polonorum 13: 113-125.

TCHOUNDJEU Z et al. 2002. Vegetative propagation of Prunus africana: effects of rooting medium, auxin concentrations and leaf area. Agroforestry Systems 54: 183-192.

TETSUMURA T et al. 2017. Improved rooting of softwood cuttings of dwarfing rootstock for persimmon under fog irrigation. Scientia Horticulturae 224: 150-155.

TIMM CRF et al. 2015. Enraizamento de miniestacas herbáceas de porta-enxertos de pessegueiro sob efeito de ácido indolbutírico. Semina: Ciências Agrárias 36: 135-140.

TOMAZ ZFP et al. 2014. Produção de mudas de pessegueiro via enxertia de gema ativa e dormente em sistema de cultivo sem solo. Revista Brasileira de Fruticultura 36: 1002-1008.

TONIETTO A et al. 2005. Enraizamento e sobrevivência de mudas de ameixeira produzidas por estaquia. Revista Científica Rural 10: 36-42.

TORO G et al. 2018. Root respiratory componentes of Prunus spp. rootstocks under low oxygen: Regulation of growth, maintenance, and ion uptake respiration. Scientia Horticulturae 239: 259-268.

TSAFOUROS A et al. 2019. Spatial and temporal changes of mineral nutrientes and carbohydrates in cuttings of four stone fruit rootstocks and their contribution to rooting potential. Scientia Horticulturae 253: 227-240.

TSIPOURIDIS C et al. 2006. Rhizogenesis of GF677, Early Crest, May Crest and Arm King stem cuttings during the year in relation to carbohydrate and natural hormone content. Scientia Horticulturae 108: 200-204.

TWORKOSKI T & TAKEDA F. 2007. Rooting response of shoot cuttings from three peach growth habits. Scientia Horticulturae 115: 98-100.

WREGE MS et al. 2005. Zoneamento agroclimático para ameixeira no Rio Grande do Sul. Pelotas: Embrapa. 26p. (Documentos 151).

YAMAMOTO LY et al. 2013. Substratos no enraizamento de estacas herbáceas de amora-preta Xavante. Ciência Rural 43: 15-20.

ZHANG Z et al. 2018. Transcriptome profiles reveal the crucial roles of hormone and sugar in the bud dormancy of Prunus mume. Scientific Reports 8: 1-15.

Downloads

Publicado

2022-12-12

Como Citar

NICOLAO, Guilherme; LACKMAN, Karen Pinheiro; MAYER, Newton Alex; BIANCHI, Valmor João. Propagação vegetativa de porta-enxertos e enxertia da ameixeira ‘Irati’ em estacas herbáceas recém-enraizadas. Revista de Ciências Agroveterinárias, Lages, v. 21, n. 4, p. 456–467, 2022. DOI: 10.5965/223811712142022456. Disponível em: https://www.revistas.udesc.br/index.php/agroveterinaria/article/view/21830. Acesso em: 29 mar. 2024.

Edição

Seção

Artigo de Pesquisa - Ciência de Plantas e Produtos Derivados