O corset como objeto-fetiche na Inglaterra Vitoriana e as crises de valores nas dinâmicas entre classe e gênero

Autores

DOI:

https://doi.org/10.5965/1982615x13292020014

Palavras-chave:

corset, fetichismo, período vitoriano,

Resumo

Este artigo busca explorar as relações entre o corset e o fetichismo no século XIX e começo do século XX. Apoiado pela perspectiva de Anne McClintock em Couro imperial - Raça, gênero e sexualidade no embate colonial sobre o fetiche e as dinâmicas entre classe e gênero, o protagonismo do corset na manutenção da ociosidade doméstica feminina vitoriana é analisado. A investigação sugere que a crise de valor produzida pelo conflito entre os espaços públicos e privados, pela relação entre a agência masculina e a estagnação feminina e a impossibilidade do gozo do ócio feminino são encarnadas no corset que se converte em objeto-fetiche. A recuperação dos escritos de Freud, o estudo das genealogias do fetiche e a retomada de sua origem etimológica amplia as perspectivas de significação para a relação do corset com o corpo feminino oitocentista, cuja silhueta, desenhada pela corseteria, demarcava calculadamente as possibilidades de seu papel social.

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Biografia do Autor

Roseana Sathler Portes Pereira, Universidade de São Paulo

Coordenadora e Professora do curso de Tecnologia em Design de Moda da Faculdade de Administração e Artes de Limeira – FAAL, especialista em Gestão Empresarial e aluna especial do mestrado no programa de Têxtil e Moda da Escola de Artes, Ciências e Humanidades da Universidade de São Paulo. Proprietária da Rose Sathler – Alta Corseteria, atelier especializado na confecção de corsets sob medida por meio da investigação e atualização de técnicas históricas.

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Publicado

2020-06-29

Como Citar

PEREIRA, Roseana Sathler Portes. O corset como objeto-fetiche na Inglaterra Vitoriana e as crises de valores nas dinâmicas entre classe e gênero. Modapalavra e-periódico, Florianópolis, v. 13, n. 29, p. 14–42, 2020. DOI: 10.5965/1982615x13292020014. Disponível em: https://www.revistas.udesc.br/index.php/modapalavra/article/view/15739. Acesso em: 24 abr. 2024.