Escultura antiga e cinzelamento do corpo da mulher no magazine Marie Claire, durante a ocupação nazista da França
DOI:
https://doi.org/10.5965/2175234617412025e0003Palavras-chave:
Magazine francês Marie Claire, Modelagem simbólica, Iconografia política, Moda e história da arte, Beleza e imagem de massaResumo
O artigo relaciona esculturas canônicas e monumentalizadas da Antiguidade clássica e tipologias de corpos de mulheres na Marie Claire francesa, em 1940, cotejados a imagens da mídia no Entreguerras, a partir de procedimentos metodológicos da iconografia política, fundamentada pela preocupação warburguiana com a modelagem da simbólica estatal. A noção didi-hubermaniana de “retorno crítico” permite observar a colisão de diferentes tempos envolvidos nas montagens da Marie Claire, envolvendo reproduções de esculturas, fotografias de moda, desenhos e textos. Suspeitamos que referências basilares da história da arte, mediante a imagem de esculturas grecorromanas, reforçadas por esquemas pretensamente científicos de estudos morfológicos/fisiognomônicos de Alfred E. Auguste Thooris, no início do século XX, tenham pontos de tensão entre tais montagens de alguns elementos dos projetos estéticos fascista e nazista, operacionalizados pela mídia moderna, atuem como princípios de Moda. Tais imagens materializariam expedientes modelares de padronização e domesticação do corpo da mulher, reportando tanto à tradição plástica ocidental quanto a pretensas demandas da Segunda Guerra Mundial.
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