“Eu sou preta, penso e sinto assim”: história e psicanálise nas confluências teóricas de Beatriz Nascimento e Neusa Santos Souza
DOI:
https://doi.org/10.5965/2175180317452025e0104Palabras clave:
Psicanálise, Teoria da História, Subjetividade, RacismoResumen
Partindo das conexões entre história e psicanálise na obra da historiadora Beatriz Nascimento (1942-1995) e da psicanalista Neusa Santos Souza (1948-2008), este artigo pergunta de que forma essas articulações ofereceram aportes teórico-metodológicos para refletir sobre as camadas de complexidade que atravessam as subjetividades negras no contexto do racismo. Para tanto, o artigo orienta-se por dois eixos analíticos: o primeiro focaliza sobre as condições históricas das décadas de 1970 e 1980 que favoreceram as conexões entre história e psicanálise nos escritos de Beatriz Nascimento, bem como a publicação do livro Tornar-se Negro, da psicanalista Neusa Santos Souza; o segundo coloca em diálogo a produção dessas intelectuais, a fim de tornar visível a potencialidade que suas reflexões oferecem para construção de narrativas históricas. A saber, porque tornam visíveis as conexões entre relações de poder e circuitos afetivos latentes ou explícitos que atravessam a reprodução do racismo.
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