Popularizações do passado e historicidades democráticas: escrita colaborativa, performance e práticas do espaço

Autores

DOI:

https://doi.org/10.5965/2175180310242018279

Resumo

Este artigo pretende compreender as relações entre popularização do passado e democratização da história. Para tal, realizamos três estudos de caso que nos permitem pensar em outros regimes de escrita, presença e memória. No primeiro caso, descrevemos um suposto plágio que a revista de divulgação Leituras da História teria cometido a partir da Wikipédia, no segundo analisamos como as artes cênicas representam uma possibilidade ativa de relação com o passado traumático e, no terceiro, lidamos com a forma pela qual inscrições históricas no espaço urbano são constantemente ressignificadas. Concluímos que a popularização do passado em diferentes meios desestabiliza os lugares tradicionais de produção e consumo de conhecimento histórico, e lançam uma série de questões para repensar o lugar da historiografia na contemporaneidade.

 

Palavras-chave: Popularização do passado. Historicidade. Presença. Memória.

Downloads

Não há dados estatísticos.

Referências

AGEEVA, Vera. Theories of social constructivism in Anglophone historical epistemology in 2000-2015. In: SHS Web of Conferences. EDP Sciences, 2016.

AGULHON, Maurice. Histoire vagabonde: etnologie et politique dans la France contemporaine. Paris: Gallimard, 1988.

ALBUQUERQUE JÚNIOR, Durval Muniz de. No entreluzir das afeições. In: F. Varella et al. (Org.). A Dinâmica do historicismo. Belo Horizonte: Argumentum, 2008.

ALMEIDA, Gisele Iecker de; BIANCHI, Guilherme. Historians out and about: historical practice in contemporary Brazil. Revue Passés Futurs, n.2, 2018. Disponível em: <https://www.politika.io/fr/notice/historians-out-and-about-historical-practice-in-contemporary-brazil>. Acesso em: 30 mai. 2018.

ALVES, Marco Antônio Sousa. A autoria em questão a partir de Foucault: autor, discurso, sujeito e poder. Matraga, Rio de Janeiro, v. 22, p. 79-97, 2015.

ARAUJO, Valdei Lopes de. O século XIX no contexto da redemocratização brasileira. In: ARAUJO Valdei Lopes de; OLIVEIRA, Maria da Glória de (Orgs.). Disputas pelo passado. Ouro Preto: EduUFOP, 2012.

ARAUJO, Valdei Lopes de. O direito à história: o(a) historiador(a) como curador(a) de uma experiência histórica socialmente distribuída. In: GUIMARAES, Gessica; BRUNO, Leonardo; PEREZ, Rodrigo (Orgs). Conversas sobre o Brasil: ensaios de crítica histórica. Salvador: Provisória, 2017, p. 191-216.

ASSMANN, Aleida. Espaços da recordação. Campinas, SP: Editora da Unicamp, 2011a.

ASSMANN, Aleida. Texts, traces, trash: the changing media of cultural memory. Representations, Special Issue: The New Erudition, n. 56, p. 123-134, 1996.

ASSMANN, Jan. Cultural memory and early civilization. Cambridge: Cambridge University Press, 2011b.

BARTHES, Roland. A aventura semiológica. São Paulo: Martins Fontes, 2002.

BERRY, David M.; FAGERJORD, Anders. Digital humanities: knowledge and critique in a digital age. John Wiley & Sons, 2017.

BEVERNAGE, Berber; LORENZ, Chris. Introduction. In: BEVERNAGE, Berber; LORENZ, Chris (Eds.) Breaking up time: negotiating the borders between present, past, and future. Göttingen: Vandenkoeck & Ruprecht, 2013.

BORGMAN, Christine L. The digital future is now: A call to action for the humanities. Digital humanities quarterly, v. 3, n. 4, p. 233, 2009.

BROWN, Wendy. Politics Out of History. Princeton, Princeton UP, 2001.

BRUNS, Axel. Blogs, wikipedia, second life, and beyond. New York: Peter Lang, 2008.

CABALLERO, Ileana Diéguez. Cenários liminares; teatralidade, performance e política. Uberlândia: Edufu, 2011.

CARLSON, Marvin. Performance: a critical introduction, New York: Routledge, 2003.

ČERNÍK, Václav; VICENÍK, Jozef. Historical Narrative: A Dispute Between Constructionism and Scientific Realism. Human Affairs, v. 19, n. 2, p. 182-193, 2009.

CERTEAU, Michel de. A escrita da história. Rio de Janeiro: Forense Universitária, 2007.

CERTEAU, Michel de. A invenção do cotidiano I: as artes do fazer. Petrópolis: Vozes, 1994.

CHARTIER, Roger. Et pourtant. 2012. Disponível em: <http://www.lesgrandsdebats.fr/ Debats/Wikipedia-est-elle-encore-credible/Et-pourtant-354, 2012>. Acesso em: 07/09/13.

COMAROFF, Jean; COMAROFF, John. Theories from the south: or how Euro-America is evolving toward Africa. London: Paradigm Publishers, 2012.

CHOAY, Françoise. Alegorias do patrimônio; São Paulo: Estação Liberdade; Ed.UNESP, 2001.

COLCHADO, Oscar. Rosa Cuchillo. Lima: Editorial San Marcos, 2005.

CURCINO, Luzmara. Reflexões sobre a 'autoria' à luz da História Cultural: contribuições de Roger Chartier. Revista da ABRALIN, v. 15, n. 2, jul. 2016. Disponível em: <https://revistas.ufpr.br/abralin/article/view/47882>. Acesso em: 23 mai. 2018.

D’ANDRÉA, Carlos Frederico de brito. Processos editoriais auto-organizados na Wikipédia em português: a edição colaborativa de “Biografia de pessoas vivas”. 2011. Tese (Doutorado em Linguística) – Universidade Federal de Minas Gerais, Programa de Pós-graduação em Estudos Linguísticos, 2011.

DE GROOT, Jerome. Consuming history, London: Routledge, 2009.

DEGREGORI, Carlos Iván et al.. Las Rondas Campesinas y la derrota de Sendero Luminoso. Lima: Instituto de Estudios Peruanos – IEP & Universidad Nacional de San Cristóbal de Huamanga, 1996.

DOMANSKA, Ewa. The Material Presence of the Past. History and Theory, v.45, 2006.

DOMINGUES, Petrônio. Cultura popular: as construções de um conceito na produção historiográfica. História (UNESP), v. 30, 2011.

FARIA, Daniel. Baderneiros, arruaceiros, guerrilheiros: um acontecimento na transição democrática. Estudos Históricos, v. 31, p. 49-70, 2018.

FEIDT, Gregor et al. Entangled memories: towards a third wave in memory studies. History and Theory, v. 53, p. 24-44, feb., 2014.

FOUCAULT, Michel. O que é um autor? (1969) In: Ditos e Escritos. Rio de Janeiro: Forense Universitária, 2006.

GUMBRECHT, Hans Ulrich. Produção de presença: o que o sentido não consegue transmitir. Rio de Janeiro: Contraponto e PUC-Rio, 2010.

HARTOG, François; REVEL, Jacques Revel (Dir.). Les usages politiques du passe. Paris: Éditions de l'EHESS, 2001.

HASS, Kristin Ann. Carried to the wall; American memory and the Vietnan Veterans Memorial. Berkeley: University of California Press, 1998.

HEAD, Alison; EISENBERG, Michael. Lessons learned: How college students seek information in the digital age. 2009.

HEATHFIELD, Adrian (Ed.). Small Acts: performance, the millennium and the marking of time. London: Black Dog Publishing, 2000.

KENNETH, S. The Wikification of knowledge. Nieman: Report, 2008.

KNAUSS, Paulo. Imaginária urbana e poder simbólico: escultura públicas e monumentos nas cidades do Rio de Janeiro e Niterói. 1998. Tese (Doutorado em História) - Universidade Federal Fluminense, Programa de Pós-graduação em História, Niterói, 1998.

LACAPRA, Dominick. History and criticism. Ithaca: Cornell UP, 1985.

LEFORT, Claude. L'invention démocratique: les limites de la domination totalitaire. Fayard, 1981.

MALERBA, Jurandir. Os historiadores e seus públicos: desafios ao conhecimento histórico na era digital. Revista Brasileira de História. v.37, n.74, p.135-154. 2017

MALERBA, Jurandir. Acadêmicos na berlinda ou como cada um escreve a história?: uma reflexão sobre o embate entre historiadores acadêmicos e não acadêmicos no Brasil à luz do debate sobre a Public History. História da Historiografia, n. 15, p. 27-50, ago., 2014.

MEDEIROS, Bruno Franco. Plagiário, à maneira de todos os historiadores. Jundiaí: Paco Editorial, 2012.

MELENDI, Maria Angélica. Estratégias da arte em uma era de catástrofes. Rio de Janeiro: Cobogó, 2017.

MELIM, Regina. Performance nas artes visuais. Rio de Janeiro: J. Zahar, 2008.

MELMAN, Billie. The culture of history. Oxford: Oxford University Press, 2006.

NICOLAZZI, F. Muito além das virtudes epistêmicas: o historiador público em um mundo não linear. Revista Maracanan. p. 18-34. 2018.

PALETSCHEK, S.; KORTE, B. Popular history now and then: international perspectives. Transcript-Verlag, 2012.

PEREIRA, Mateus. Nova direita? Guerras de memória em tempos de Comissão da Verdade (2012-2014). Vária História, Belo Horizonte, v. 31, n. 57, p. 863-902, set./dez., 2015.

PHILLIPS, Murray. Wikipedia and history. The Journal of Theory and Practice, 2015.

PIMENTA, João Paulo et al. A Independência e uma cultura de história no Brasil. Almanack, n.8, p.5-36. 2014.

RANCIÈRE, Jacques. O ódio à democracia. São Paulo: Boitempo, 2014.

RANCIÈRE, Jacques. Os nomes da história. São Paulo: EDUC/Pontes, 1994.

RICOEUR, Paul. A memória, a história e o esquecimento. Campinas: UNICAMP, 2007.

ROSENZWEIG, Roy. Clio wired: The future of the past in the digital age. Columbia University Press, 2011.

ROSENZWEIG, Roy. Can history be open source? Wikipedia and the future of the past. The journal of American history, 93.1 : 117-146, 2006.

ROTHBERG, Michael. Multidirectional memory: remembering the Holocaust in the Age of Decolonization. Stanford: Stanford University Press, 2009.

RUBIO, Miguel. Persistencia de la memoria. In: Cornago, Óscar (Ed.). Utopías de la proximidad en el contexto de la globalización: la creación escénica en Iberoamérica. Castilla-La Mancha: UCLM, 2010.

RUNIA, Eelco. Moved by the Past: discontinuity and historical mutation. Nova York: Columbia University Press, 2014.

SAVAGE, Kirk. Sastanding soldiers, kneeling slaves: race, war and monument in Nineteenth-Century America. Priceton: Princeton Unviersity Press, 1999.

SCHREIBMAN, Susan; SIEMENS, Ray; UNSWORTH, John (Eds.). A companion to digital humanities. John Wiley & Sons, 2008.

SOBCHACK, Vivian (Ed.). The Persistence of History. London and New York: Routledge, 1996.

SOBCHACK, Vivian. Introduction. Carnal thoughts: embodiment and moving image culture. Berkeley: University of California Press, 2004.

STOREY, John. Inventing popular culture: From folklore to globalization. Hoboken: John Wiley & Sons, 2009.

THEIDON, Kimberly. Entre prójimos: el conflicto armado interno y la política de la reconciliación en el Perú. Lima: Instituto de Estudios Peruanos - IEP, 2004.

THOMPSON, J. B. Fronteiras cambiantes da vida pública e privada. Matrizes, ano 4, n.1, p. 11-36, jul./dez., 2010.

TAYLOR, Diana. O arquivo e o repertório. Belo Horizonte: Editora UFMG, 2013.

VANDENDORPE, Christian. Le phénomène Wikipedia. Le Débat, Paris, 2008.

VENANCIO, Renato. O Incorreto no Guia politicamente incorreto da história do Brasil, 2018. Resenha de: Guia politicamente incorreto da história do Brasil. 2 ed. São Paulo: Leya, 2012. Disponível em: <https://www.academia.edu/36354688/O_Incorreto_no_Guia_politicamente_incorreto_da_hist%C3%B3ria_do_Brasil>. Acesso em: 30 mai. 2018.

VERDERY, Katherine. The political lives of dead bodies. New York: Culumbia University Press, 1999.

WHITE, Hayden. Metahistory: the historical imagination in Nineteenth-Century Europe. Baltimore: Johns Hopkins University Press, 1973.

WODICZKO, Kryzystof. Abraham Lincoln: War Veteran Projection. Disponível em: <http://moreart.org/projects/krzysztof-wodiczko/>. Acesso em: 4 dez. 2017.

Downloads

Publicado

2018-08-06

Como Citar

PEREIRA, Mateus Henrique de Faria; BIANCHI, Guilherme; ABREU, Marcelo Santos de. Popularizações do passado e historicidades democráticas: escrita colaborativa, performance e práticas do espaço. Revista Tempo e Argumento, Florianópolis, v. 10, n. 24, p. 279–315, 2018. DOI: 10.5965/2175180310242018279. Disponível em: https://www.revistas.udesc.br/index.php/tempo/article/view/2175180310242018279. Acesso em: 29 mar. 2024.