(De)colonialidade e a tradição negra radical no Brasil: um diálogo possível?
DOI:
https://doi.org/10.5965/2175180317452025e0101Palavras-chave:
colonialidade, Racialidade, Tradição negra radicalResumo
As particulares formações sociais da América Latina apresentam diferenças e semelhanças no processo de racialização de grupos subalternizados, sejam indígenas, negros ou não-brancos. Esses fenômenos de classificação social baseados na ideia de raça, em sociedades colonizadas, foram teorizados por diversos intelectuais do subcontinente, sejam ligados à militância de esquerda, aos movimentos sociais e às epistemologias decoloniais. Analisam-se as possibilidades inferenciais entre os conceitos de Colonialidade do Poder, de Aníbal Quijano, e as elaborações sobre Racismo Estrutural, perspectiva desenvolvida nos estudos raciais nos Estados Unidos e que encontra semelhanças com o caso brasileiro, nas ideias e teorias presentes no ativismo negro de Clóvis Moura e Lélia Gonzalez. Sem evidências de um diálogo direto, a convergência entre tais teorias, em hipótese, parte da metodologia histórico-estrutural, refletindo a estreita relação entre a colonialidade e a racialidade com o surgimento do capitalismo e da modernidade. Essa rede conceitual fortalece a construção de um conhecimento integrado e um diálogo fecundo com a teoria crítica latino-americana e a tradição negra radical brasileira.
Downloads
Referências
AGUIAR, Danilla; Rojas, Gonzalo (org.). Estado, governos “pós-neoliberais” e luta de classes na América Latina: a agonia dos atalhos no caminho da mudança social. Campina Grande: EDUFCG, 2019.
AGUIAR, Danilla. Among the tissures of raciality: comparisons between the coloniality of power and structural racism. In: RUBBO, Deni Alfaro (ed.). Aníbal Quijano: dissidences and crossroads of Latin American critical theory. London: Routledge, 2024. p. 154-167.
ALMEIDA, Silvio. Racismo estrutural. São Paulo: Sueli Carneiro; Editora Jandaíra, 2021.
ALTHUSSER, Louis; BALLIBAR, Étienne. Para ler o capital. Cidade do México: Ed. Siglo XXI, 1989.
BERNARDINO-COSTA, Joaze; MALDONADO-TORRES, Nelson; GROSFOGUEL, Ramón (orgs.). Decolonialidade e pensamento afrodiaspórico. Belo Horizonte: Autêntica, 2020.
BONILLA-SILVA, Eduardo. Rethinking racism: toward a structural interpretation. American Sociological Review, [s. l.], v. 62, n. 3, p. 465-480, 1997.
BONILLA-SILVA, Eduardo. Racismo sem racistas: o racismo da cegueira de cor e a persistência da desigualdade na América. São Paulo: Perspectiva, 2020.
FARIAS, Márcio. Pensamento social e relações raciais no Brasil: a análise marxista de Clóvis Moura. In: ALMEIDA, Silvio (org.). Marxismo e questão racial: dossiê Margem Esquerda. São Paulo: Boitempo, 2021. p. 38-43.
GOMES, Nilma Lino. O movimento negro educador: saberes construídos na luta por emancipação. Petrópolis: Vozes, 2017.
GONZALEZ, Lélia. Racismo e sexismo na cultura brasileira. Revista Ciências Sociais Hoje, São Paulo: Anpocs, n. 2, p. 223-244, 1984.
GONZALEZ, Lélia. Por um feminismo afro-latino-americano: ensaios, intervenções e diálogos. Rio Janeiro: Zahar, 2020.
KOSELLECK, Reinhart. História dos conceitos: estudos sobre a semântica e a pragmática da linguagem política e social. Rio de Janeiro: Contraponto, 2020.
MARX, Karl. O capital: crítica da economia política. 21. ed. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 2003. Livro I. v. 1.
MOURA, Clóvis. Sociologia do negro brasileiro. São Paulo: Perspectivas, 2019.
MOURA, Clóvis. História do negro brasileiro. São Paulo: Editora Dandara, 2023.
MUNANGA, Kabengele. As facetas de um racismo silenciado. In: SCHWARCZ Lilia M., QUEIROZ, Renato da S. (orgs.). Raça e diversidade. São Paulo: Edusp, 1996. p. 213-229.
NASCIMENTO, Abdias. O genocídio do negro brasileiro: processo de um racismo mascarado. São Paulo: Perspectiva, 2016.
NUN, José. Marginalidad y exclusión social. Buenos Aires: Fondo de Cultura Económica, 2003.
POLETTO, Dorival Walmor. A Cepal e a América Latina. Estudos Ibero-Americanos, [s. l.], v. 25, n. 1, p. 209-216, 1999.
PORTELA Jr., Aristeu; SOARES, Eliane V. Dilema racial, nação e “brasilidade”. In: CEPÊDA, Vera; MAZUCATO, Thiago (org.). Florestan Fernandes, 20 anos depois: um exercício de memória. São Carlos: Ideias, Intelectuais e Instituições: UFSCar, 2015. p. 159-176.
QUIJANO, Aníbal. Imagen y tareas del sociólogo en la sociedad peruana. Preparando la Convención de Ciencias Sociales, Lima, v. 2, p. 134-172, 1965.
QUIJANO, Aníbal. Redefinición de la dependencia y proceso de marginalización social. In: WEFFORT, Francisco y QUIJANO, Aníbal. Populismo, marginalización y dependencia: ensayos de interpretación sociológica. San José, Costa Rica: Universidad Centroamericana, 1973. p. 180-213.
QUIJANO, Aníbal. Colonialidad del poder y classificación social. Journal of World-Systems Research, Pittsburgh, v. 6, n. 2, p. 342-386, 2000.
QUIJANO, Aníbal. Colonialidade do poder, eurocentrismo e América Latina. In: LANDER, Edgardo (org.). A colonialidade do saber: eurocentrismo e ciências sociais. Buenos Aires: Consejo Latinoamericano de Ciencias Sociales – CLACSO, 2005. p. 227-278.
QUIJANO, Aníbal. “Raza”, “etnia” y “nación” en Mariátegui. In: QUIJANO, Aníbal. Cuestiones y horizontes: de la dependencia histórico-estructural a la colonialidad/descolonialidad del poder. Buenos Aires: CLACSO, 2014. p. 757-775.
Downloads
Publicado
Como Citar
Edição
Seção
Licença
Copyright (c) 2025 Revista Tempo e Argumento

Este trabalho está licenciado sob uma licença Creative Commons Attribution-NonCommercial 4.0 International License.
Os artigos cujos autores são identificados representam a expressão do ponto de vista de seus autores e não a posição oficial da Tempo e Argumento.


