Nós temos racismo sim, deveríamos agir contra e não só discutir: o currículo praticado e as questões étnico-raciais na escola
DOI:
https://doi.org/10.5965/1984723824552023124Palavras-chave:
questões étnico-raciais, identidade, racismo, currículo praticadoResumo
Este artigo apresenta um estudo cujo objetivo é compreender os sentidos percebidos por estudantes acerca das relações étnico-raciais, do racismo e da construção da identidade da população negra no espaço escolar. Este estudo foi desenvolvido no Centro Territorial de Educação Profissional (CETEP), Sertão Produtivo em Caetité, Bahia. As contribuições de Boaventura Souza Santos (2003,) Kabengele Munanga (1994, 2005, 2006, 2008 e 2009), Hélio Santos (2003, e 2008), Paulo Freire (1996, 2001, 2009 e 2011) Gomes (2008 e 2011), Valente (1995), e Sacristán (2000), entre outros, fundamentam o estudo. Metodologicamente, são apresentados referenciais sobre as questões étnico-raciais e dados empíricos provenientes da análise de conteúdo de depoimentos de estudantes do Curso de Educação Profissional Técnica de Nível Médio em Secretariado, ofertado pelo Programa Nacional de Integração da Educação Profissional com a Educação Básica na modalidade de Educação de Jovens e Adultos (PROEJA) do CETEP -Sertão Produtivo. Os resultados evidenciam, nos depoimentos das e dos estudantes, a ausência de estudos mais aprofundados sobre as questões étnico-raciais no currículo praticado pela escola que possam permitir a construção de uma identidade positiva da população negra. Para tanto, aponta-se para a necessidade de intervenção efetiva dos órgãos estatais para garantirem a formação docente com estudos voltados às questões étnico-raciais e políticas voltadas às escolas para a garantia da equidade de direitos ao atendimento das demandas dos movimentos sociais e do reconhecimento da contribuição cultural dos afro-brasileiros.
Downloads
Referências
AZEVEDO, Thales de. As elites de cor: um estudo de ascensão social. São Paulo: Companhia Editora Nacional, 1955.
BASTIDE, Rico. O candomblé da Bahia: rito nagô. São Paulo: Companhia das Letras, 2001.
CHARLOT, Bernard. Da relação com o saber: elementos para uma teoria. Porto Alegre: Artes Médicas Sul, 2000.
CAVALLEIRO, Eliane. Racismo e antirracismo na educação: repensando nossa escola. São Paulo: Selo Negro, 2001.
FAUSTO, Boris. História do Brasil. 11. ed. São Paulo: Editora da Universidade de São Paulo, 2003.
FERNANDES, Florestan. Os circuitos da história. São Paulo: HUCITEC, 1977.
FERNANDES, José Ricardo Oriá. O ensino de história e diversidade cultural: desafios e possibilidades. Caderno Cedes, Campinas, v. 25, n. 67, p. 378-388, set./dez. 2005.
Disponível em: https://doi.org/10.1590/S0101-32622005000300009. Acesso em: 14 jan. 2023.
FRANCO, Maria Laura Puglisi Barbosa. Análise de conteúdo. 2. ed. Brasília: Líber Livro, 2005.
FREIRE, Paulo; SHOR, Ira. Medo e ousadia: o cotidiano do professor. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1986.
FREIRE, Paulo. Pedagogia da autonomia: saberes necessários à prática educativa. 40. ed. São Paulo: Paz e Terra, 1996.
FREIRE, Paulo. Educação na cidade. 5. ed. São Paulo: Cortez, 2001.
FREIRE, Paulo. Educação e mudança. 2. ed. São Paulo: Paz e Terra, 2011.
FREIRE, Paulo. Pedagogia da esperança. 16. ed. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 2009.
GIROUX, Henry Armand; MCLAREN, Peter. Formação do professor como uma contra-esfera pública: a pedagogia radical como uma forma de política cultural. In: MOREIRA, António Flávio; SILVA. Tomás Tadeu (orgs.). Currículo, cultura e sociedade. São Paulo: Cortez, 1995. p. 125-154.
GOMES, Nilma Lino. Educação cidadã, etnia e raça: o tratado pedagógico da diversidade. In: Cavalheiro, Eliane (org.) Racismo e antirracismo na educação: repensando nossa escola. 4. ed. São Paulo: Selo Negro, 2001. p. 83-96.
GOMES, Nilma Lino. O movimento negro no Brasil: ausências, emergências e a produção dos saberes. Revista Perspectiva, Florianópolis, v. 10, n. 18, p. 133-154, 2011. Disponível em: https://periodicos.ufsc.br/index.php/politica/article/viewFile/19037/17537. Acesso em: 10 jan. 2023.
GOMES, Nilma Lino. A questão racial na escola: desafios colocados pela implementação da Lei 10.639/03. In: MOREIRA, Antônio Flávio; CANDAU, Vera Maria (orgs.). Multiculturalismo: diferenças culturais e práticas pedagógicas. Petrópolis: Vozes: 2008. p. 67-89.
GONÇALVES, Luiz Alberto de Oliveira. Reflexão sobre a particularidade cultural na educação de crianças negras. In: ROSEMBERG, Fulvia; PINTO, Regina Pahim (orgs.). Raça negra e educação. São Paulo: [s.n.], 1987. p. 27-30. (Cadernos de Pesquisa, v. 63)
LIMA, Elvira de Souza. Currículo e desenvolvimento humano. In: MOREIRA, Antonio Flávio; ARROYO, Miguel (orgs.). Indagações sobre currículo. Brasília: Departamento de Políticas de Educação Infantil e Ensino Fundamental, 2006. p. 11-47.
MOREIRA, Antonio Flávio Barbosa; MACEDO, Elizabeth Fernandes de. Em defesa de uma orientação cultural na formação de professores. In: CANEN, Ana; MOREIRA, Antonio Flávio Barbosa (orgs.). Ênfases e omissões no currículo. Campinas: Papirus, 2001. p. 117-145.
MOURA, Clóvis. Dialética radical do negro. São Paulo: Anita Garibaldi, 1994.
MUNANGA, Kabengele. Identidade, cidadania e democracia: algumas reflexões sobre os discursos anti-racistas no Brasil. In: SPINK, Mary Jane Paris (org.). A cidadania em construção: uma reflexão transdisciplinar. São Paulo: Cortez, 1994. p. 17-24.
MUNANGA, Kabengele. Esta luta é de todos. A fala do mestre. Construir Notícias, Recife: Símbolo, Editora Construir. Edição 39 - s/p. 2008. Disponível em: https://www.construirnoticias.com.br/kabengele-munanga-racismo-esta-luta-e-de-todos/. Acesso em: 10 jan. 2023.
MUNANGA, Kabengele. Negritude: usos e sentido. 2. ed. São Paulo: Ática, 2009.
MUNANGA, Kabengele; GOMES, Nilma Lino. O negro no Brasil de hoje. São Paulo: Global, 2006.
PEREIRA, Graça dos Santos Costa. Currículo e multiculturalismo: reflexões em torno da formação do(a) professor(a). Revista da FAEEBA, Salvador: UNEB, Ano 1, n. 16, p. 145-153, jul./dez. 2001. Disponível em: https://www.revistas.uneb.br/index.php/faeeba/issue/view/241/140. Acesso em: 04 mar. 2023.
PINTO, Álvaro Vieira. Sete lições sobre educação de adultos. São Paulo: Autores Associados, 1982.
SACRISTÁN, José Gimeno. O currículo: uma reflexão sob a prática. 3. ed. Porto Alegre: Artmed. 2000.
SANT´ANA Antônio Olímpio de. História e conceitos básicos sobre o racismo e seus derivados. In: MUNANGA, Kabengele. Superando o racismo na escola. 2. ed. Brasília: Ministério da Educação, Secretaria de Educação Continuada, Alfabetização e Diversidade, 2008.
SANTOS, Boaventura Souza (org.). Reconhecer para libertar: os caminhos do cosmopolitismo multicultural. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 2003.
SANTOS, Hélio. A busca de um caminho para o Brasil: a trilha do círculo vicioso. 2. ed. São Paulo: Editora Senac São Paulo, 2003.
SANTOS, Hélio. Discriminação racial no Brasil. In: SABÓIA, Gilberto Vergne; GUIMARÃES, Samuel Pinheiro (orgs). Anais de Seminários regionais preparatórios para a conferência mundial contra o racismo, discriminação racial, xenofobia e intolerância correlata. Brasília: Ministério da Justiça, 2001. Disponível em: https://funag.gov.br/loja/download/100000-Seminarios_Regionais_Preparatorios_para_Conferencia_Mundial_Contra_o_Racismo_Discriminacao_Racial.pdf. Acesso em: 04 fev. 2023.
SANTOS, José Rufino. A questão do negro na sala de aula. [São Paulo]: Editora Ática, 1990. (Coleção Sala de Aula)
SOUZA, Neusa Santos. Tornar-se negro. Rio de Janeiro: Graal, 1983.
VALENTE, Ana Lúcia Eduardo Farah. Ser negro no Brasil hoje. 14. ed. São Paulo: Moderna, 1995.
WALSH, Catherine. Interculturalidade crítica e pedagogia decolonial: in-surgir, re-existir e re-viver. In: CANDAU, Vera Maria (org.). Educação intercultural na América Latina: entre concepções, tensões e propostas. Rio de Janeiro: 7 Letras, 2009. p. 12-42.
Downloads
Publicado
Como Citar
Edição
Seção
Licença
Copyright (c) 2023 Revista Linhas
Este trabalho está licenciado sob uma licença Creative Commons Attribution-NonCommercial-NoDerivatives 4.0 International License.
Os artigos publicados pela revista são de uso gratuito, destinados a aplicações educacionais e não comerciais. Os direitos autorais são todos cedidos à revista. Os artigos cujos autores são identificados representam a expressão do ponto de vista de seus autores e não a posição oficial da Revista Linhas ou do Programa de Pós-Graduação em Educação da Universidade do Estado de Santa Catarina.
A Revista Linhas está licenciada com uma Licença Creative Commons - Atribuição-NãoComercial-SemDerivações 4.0 Internacional.