Literatura para as infâncias e relações étnico-raciais: uma discussão conceitual
DOI:
https://doi.org/10.5965/1984723826622025146Palavras-chave:
literatura para as infâncias, relações étnico-raciais, autoria negra, autoria indígena, literatura infantilResumo
Este texto apresenta a discussão conceitual sobre literatura para as infâncias e relações étnico-raciais, como parte dos resultados originais de uma tese defendida no Programa de Pós-graduação em Educação da Universidade Federal do Paraná[1], que teve por finalidade analisar como crianças de 3 e 4 anos, de um Centro Municipal de Educação Infantil, em Araucária, no Paraná, interagiam com personagens negros(as) e indígenas presentes na literatura para as infâncias de autorias negras e indígenas e se tais interações se apresentavam em suas atividades cotidianas. A pesquisa se mostra como um instrumento de reflexão sobre como as questões étnico-raciais estão sendo abordadas na literatura para as infâncias, uma vez que essa produção tem se mostrado importante aliada no combate ao racismo, tornando-se uma ferramenta poderosa no fortalecimento da identidade e da autoestima, quando compartilhada com crianças desde bebês. Por meio da realização do levantamento bibliográfico foi possível acessar um panorama do estado da arte e tecer uma discussão conceitual sobre literatura e relações étnico-raciais, contando com o aporte teórico de pesquisadores(as) como: Cuti (2010); Debus (2017); Hakiy (2018); Munduruku (2018); Pereira (2025); Costa (2024), dentre outros/as. Os resultados apontaram que: a trajetória de personagens negros e indígenas para se firmarem na literatura para as infâncias é muito semelhante, pois ambas são marcadas pelo racismo; já os termos e conceitos referentes à literatura e relações étnico-raciais têm se ampliado, nomeando essas produções. Essa incursão situou o conhecimento revelando termos, conceitos e nomenclaturas e ampliando a discussão conceitual do campo analisado.
[1] O artigo é oriundo da tese de doutorado “Erês e curumins nas literaturas de autorias negras e indígenas para as infâncias: a escuta de crianças pequenas”, defendida em 2025 na Linha de Diversidade, Diferença e Desigualdade Social em Educação, do Programa de Pós-graduação em Educação da Universidade Federal do Paraná.
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