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Editorial
Dossiê Currículo, decolonialidade e formação docente nas
Artes Cênicas
Imagem da Capa
Projeto Gráfico: Marcelo Pires de Araújo
Espetáculo: Interescolar
Atores/Criadores: Júlia Fernandes Lacerda; Túlio Fernandes Silveira
Foto: Graciela Simoni
Para citar este Editorial:
CERQUEIRA, Gustavo Melo; DUMAS, Alexandra; AFONSO, Annie
Martins; OLIVEIRA, Érico José Souza de; PENONI, Isabel Ribeiro;
DONINI, Angie; SILVA JUNIOR, Paulo Melgaço da. Editorial Dossiê:
Currículo, decolonialidade e formação docente nas Artes Cênicas.
Urdimento Revista de Estudos em Artes Cênicas, Florianópolis, v.
3, n. 56, p. 1-4, dez. 2025.
10.5965/1414573103562025e0902
A Urdimento esta licenciada com: Licença de Atribuição Creative Commons (CC BY 4.0)
Editorial
Dossiê Currículo, decolonialidade e formação docente nas Artes Cênicas
Florianópolis, v.3, n.56, p.1-7, dez. 2025
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Comitê Editorial proponente deste Dossiê Temático é composto
pelas/os/es professoras/es: Gustavo Melo Cerqueira, Universidade
Federal do Estado do Rio de Janeiro (UNIRIO - Coordenador); Érico José
Souza de Oliveira, Universidade de Brasília (UnB); Alexandra Gouvea
Dumas, Universidade Federal da Bahia (UFBA); Isabel Ribeiro Penoni,
Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro (UNIRIO); Angie Donini,
Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro (UNIRIO); Paulo
Melgaço da Silva Junior (Theatro Municipal - RJ); Annie Martins Afonso,
Universidade do Estado do Amazonas (UEA-AM).
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Dossiê Currículo, decolonialidade e formação docente nas Artes Cênicas
Florianópolis, v.3, n.56, p.1-7, dez. 2025
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Editorial do Dossiê Currículo, decolonialidade e formação docente nas Artes
Cênicas
Gustavo Melo Cerqueira1 | Érico José Souza de Oliveira2 |
Alexandra Dumas3 |Isabel Ribeiro Penoni4 | Angie Donini5 |
Paulo Melgaço da Silva Junior6 | Annie Martins Afonso7
Este Dossiê Temático: Currículo, Decolonialidade e Formação Docente nas
Artes Cênicas nasce como desdobramento e aprofundamento de seminário
nacional de mesmo nome realizado nos dias 2, 3 e 4 de dezembro de 2024 na
Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro/UNIRIO. O seminário surgiu da
confluência de diversos fatores e iniciativas que aconteciam em diferentes
instituições federais de ensino superior. Primeiro, é imperativo reconhecer o
1 Doutorado e Mestrado em Estudos Africanos e da Diáspora Africana pela University of Texas at Austin (UTEXAS), Estados Unidos. Bacharelado em
Direito pela Universidade Federal da Bahia (UFBA). Bolsista Capes como Professor Formador no Curso de Licenciatura em Teatro, na modalidade
Ensino à Distância, pela Universidade Federal da Bahia (UFBA) e Universidade Aberta do Brasil (UAB). Babalorixá da Ilê Axé Omi Ogun siwajú, ator e
performer. Prof. Adjunto A no Depto. de Ensino do Teatro da Escola de Teatro da Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro (UNIRIO).
melocerqueira@unirio.br http://lattes.cnpq.br/5674822159869192 https://orcid.org/0000-0001-6247-1236
2 Pós-Doutorado pela Université Paris 8 Vincennes-Saint-Denis, PARIS 8, França. Pós-doutorado pela Sorbonne Nouvelle Paris 3 França. Ambos
com bolsa Capes. Doutorado em Artes Cênicas pela Universidade Federal da Bahia (UFBA), com Estágio Sanduiche na Université Paris X-Nanterre,
com Bolsa Capes. Mestrado em Artes Cênicas pela UFBA, Estágio Sanduiche na Université Paris X-Nanterre, com Bolsa Capes. Licenciatura em
Educação Artística com Habilitação em Teatro pela Universidade Federal de Pernambuco. Encenador, Ator, Iluminador, Produtor Cultural, Bailarino
Popular, Figurinista, Cenógrafo. Professor Titular da Universidade de Brasília (UnB). erico.jose@unb.br
http://lattes.cnpq.br/3116783239543777 https://orcid.org/0000-0001-9738-0406
3 Pós-doutorado em Artes Cênicas pela Université Paris Ouest- Nanterre La Défense, França. Pós-doutorado na Universidade de Brasília (UnB). Doutorado
em Artes Cênicas pela Universidade Federal da Bahia (UFBA), com Estágio Sanduiche na Université Paris - Ouest Nanterre La Défense França.
Mestrado em Artes Cênicas pela UFBA. Especialização em Educação Física/ Estudos do Lazer pela Universidade do Sudoeste da Bahia (URSB).
Licenciatura Em Educação Física pela Universidade Federal da Bahia (UFBA). Licenciatura em Teatro pela UFBA. Profa. Graduação e Pós-graduação
em Artes Cênicas na UFBA. alexandradumas@gmail.com
http://lattes.cnpq.br/5041254022481817 https://orcid.org/0000-0001-8622-9591
4 Pós-doutorado em Artes Cênicas pela Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro (UNIRIO), com bolsa da FAPERJ. Pós-doutorado no Musée du
quai-Branly (Paris, França). Doutorado e Mestrado em Antropologia Social pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ). Graduação em Ciências
Sociais pela UFRJ. Diretora e pesquisadora teatral, cineasta e antropóloga. Professora adjunta no Depto. de Ensino de Teatro, na graduação, e na
Pós-Graduação em Ensino das Artes Cênicas da UNIRIO. isabel.penoni@unirio.br
http://lattes.cnpq.br/5629483943820999 https://orcid.org/0000-0001-9858-4566
5 Pós-doutorado em estudos contemporâneos das artes pela Universidade Federal Fluminense (UFF). Pós-doutorado em Medicina Social pela
Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ). Doutorado e Mestrado em Psicologia Clínica pela Pontifícia Universidade Católica de São Paulo
(PUC/SP). Especialização e capacitação técnica em Saúde Coletiva pela Universidade de São Paulo (USP). Graduação em Psicologia pela Universidade
Estadual Paulista (UNESP). Formação em direção cinematográfica pela Escola Darcy Ribeiro. Professora Associada da Universidade Federal do Estado
do Rio de Janeiro (UNIRIO), vinculada ao Depto. De Filosofia, ao Mestrado Profissional em Filosofia e ao Programa de Pós-graduação em Ensino de
Artes Cênicas. angela.donini@unirio.br
http://lattes.cnpq.br/3697002730147261 https://orcid.org/0000-0003-4576-3549
6 Pós-Doutorado pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ). Doutorado em Educação pela UFRJ. Mestrado em Educação, Cultura e Comunicação
pela Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ). Mestrado em Ciências Pedagógicas. Instituto Superior de Estudos Pedagógicos (ISEP).
Especialização em Comunicação, Política e Imagem.
Universidade Federal do Paraná (UFPR). Graduação em Desenho e Plástica pela Escola de Artes Plástica da FUMA, ESAP. Prof. e vice diretor na Escola
Estadual de Dança Maria Olenewa (Theatro Municipal do Rio de Janeiro). Professor colaborador na Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro
(UNIRIO). Professor de Arte da SME de Duque de Caxias/RJ. pmelgaco@uol.com.br
http://lattes.cnpq.br/8573001420943301 https://orcid.org/0000-0002-4301-9305
7 Doutorado em Educação pela Universidade Federal do Paraná (UFPR). Mestrado em Letras e Artes pela Universidade do Estado do Amazonas (UEA).
Especialização em Comunicação, Política e Imagem pela UFPR. Graduação - Licenciatura em Teatro pela Universidade Estadual do Paraná (UNESPAR).
Graduada em Comunicação Social - Relações Publicas pela UFPR. Indígena em retomada da etnia Ticuna. Profa. do Curso de Teatro na Universidade
do Estado do Amazonas (UEA). Faz parte dos Grupos de Pesquisa: Labelit/CNPq/UFPR - Laboratório de Estudos em Educação Performativa, Linguagem
e Teatralidades; CNPq/UNIRIO Observatório de práticas artísticas no cárcere e em espaços de privação de liberdade; TABIHUNI: Núcleo de Pesquisa e
Experimentações das Teatralidades Contemporâneas e suas Interfaces Pedagógicas e Atualmente e CNPq/UFBA Grupo de Estudos em Teatro do
Oprimido - GESTO. amafonso@uea.edu.br
http://lattes.cnpq.br/9765347717584748 https://orcid.org/0000-0002-2372-3346
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impacto que as políticas de ação afirmativa têm provocado no ambiente
universitário. O estímulo à entrada e permanência de pessoas marcadas pelos
vetores identitários de classe, raça, território e gênero, dentre outros, tem
acentuado a demanda por novos conteúdos, metodologias e epistemologias. A
perpetuação da violência da colonialidade por meio da reprodução do racismo e
das violências baseadas em gênero, classe e território no espaço educacional
limita gravemente o acesso à formação universitária no Brasil para diversos grupos
populacionais. Com as ações afirmativas um processo de busca por equidade
no ingresso às universidades públicas brasileiras. Entretanto, o ingresso em si não
assegura reparação epistêmica, tampouco assegura que tais espaços cessem de
reproduzir estigma e discriminação.
Assim, tem sido necessária uma escuta atenta e um trabalho de mudanças
mais radicais nas estruturas curriculares dos cursos de graduação e pós-
graduação. É notável que tais presenças trouxeram para o espaço das instituições
públicas de ensino superior um movimento abrangente que tem percorrido
diferentes universidades públicas do país, majoritariamente provocadas pelo corpo
discente. A mobilização por mudanças ressalta a necessidade de revisão dos
currículos no sentido de abranger as epistemologias decoloniais, descoloniais e
contra-coloniais. Outro aspecto importante no campo da formação docente em
artes cênicas é a necessidade de reconhecermos os esforços de diversos
docentes, pesquisadores e artistas no sentido de promover colaborações
interinstitucionais para o avanço do intercâmbio de pesquisas, bem como para a
implementação de projetos de ensino, pesquisa e extensão que resultam em
novas disciplinas com capacidade para operar a partir de epistemologias distintas
das referências eurocêntricas e coloniais.
Neste contexto, a realização do seminário Currículo, Decolonialidade e
Formação Docente nas Artes Cênicas partiu de três fatores e iniciativas que se
encruzilharam. Em 2024, houve a publicação da resolução CNE/CP 4, que definiu
diretrizes curriculares para a Formação Inicial em Nível Superior de Profissionais
do Magistério da Educação Escolar Básica, abarcando, dentre outros, os cursos de
Licenciatura de todas as áreas, não apenas das Artes Cênicas. O curso de Teatro-
Licenciatura da Escola de Teatro da UNIRIO, de modo semelhante ao que tem
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acontecido com outros cursos de Licenciatura em Teatro ou Artes Ciências de
outras universidades - inobstante os notórios problemas observados no modo
como tal resolução não abraça a especificidade da formação docente no campo
das Artes - viu, nesse momento, a oportunidade de promover uma reforma
curricular profunda de seu curso, repensando sua estrutura e currículo para
assumir uma postura mais nitidamente decolonial e antirracista.
Também em 2024, estava em curso o projeto de extensão Artes Cênicas e
Universidade: (re)pensamento curricular de intervenções antirracistas, fruto de
uma parceria entre o PPGCEN/UNB, o PPGAC/UFBA e a Universidade Federal de
Sergipe/UFS, que contou com a participação de docentes de diversas instituições
de ensino superior com o objetivo de realizar um levantamento sistematizado
sobre os conteúdos dos currículos dos cursos de diversas Escolas de Teatro de
modo a desenhar uma proposição curricular antirracista para as Artes Cênicas.
Finalmente, o Departamento de Ensino do Teatro e a Coordenação do Curso
de Teatro-Licenciatura, juntamente com o Programa de Pós-Graduação em Ensino
de Artes Cênicas/PPGEAC da UNIRIO, enxergaram a necessidade de que as
discussões relacionadas à reforma curricular não ficassem confinadas à graduação
e ao ambiente da UNIRIO, mas que também acolhessem as experiências dos
profissionais da educação básica, bem como as práticas e iniciativas de cursos de
graduação de instituições de ensino superior de outras partes do Brasil.
Assim surgiu o seminário Currículo, Decolonialidade e Formação Docente nas
Artes Cênicas, fruto da parceria entre Graduações e Pós-Graduações em Artes
Cênicas da UnB, UFBA, UFS e PPGEAC (mestrado profissional) da UNIRIO, com
financiamento da CAPES e do CNPq, por meio do Projeto de Pesquisa e Extensão
“ARTES CÊNICAS E UNIVERSIDADE: (re)pensamento curricular de intervenções
antirracistas”, contemplado pela Chamada CNPq/MCTI/FNDCT Nº40/2022 - PRÓ-
HUMANIDADES: Programa de Desenvolvimento Científico e Tecnológico em
Humanidades e da CAPES (Proap). A programação do evento incluiu palestras,
mesas redondas e oficinas, além de abarcar a realização do Colóquio Arte na Linha
de Frente, do PPGEAC/UNIRIO, extrapolando a proposta inicial de ser um seminário
regional e atingindo alcance nacional.
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Diante da riqueza das discussões travadas nos três dias de evento, seria
natural que uma publicação disseminasse o tanto que foi discutido e, ainda,
abrisse a possibilidade de que outras tantas pesquisas pudessem integrar esse
campo de debates. A princípio, a ideia era a publicação dos anais do seminário.
Posteriormente, por iniciativa do PPGEAC/UNIRIO, decidiu-se pela publicação de
um dossiê, este que ora se apresenta, em valiosa colaboração com a revista
Urdimento.
Discussões decoloniais no âmbito das pesquisas e práticas universitárias nas
Artes Cênicas vêm ganhando cada vez mais adeptos/as/es e espaço, sobretudo,
em diálogo com práticas artísticas e culturais negras e indígenas, assim como de
gênero e sexualidade dissidentes que desestabilizam as lógicas da colonialidade.
No entanto, o crescimento e aprofundamento das discussões não correspondem
ao esforço, ainda muito incipiente, de reformulação curricular e dos pensamentos
político-pedagógicos que estruturam os cursos de Graduação e programas de Pós-
Graduação no país, mesmo estes sendo pressionados há mais de duas décadas
por diferentes marcos legais que os obrigam a uma revisão contra-colonial de seus
currículos e projetos político-pedagógicos. Este fato nos leva a refletir sobre os
desafios acerca da prática da decolonialidade para que não se reduzam à
reprodução de práticas coloniais nas instituições acadêmicas, corroborando com
a manutenção dos racismos epistêmico e estrutural, assim como das
epistemologias hetero e cisgênero centradas. Não obstante, ainda é possível
considerar as contribuições da abordagem decolonial para o repensamento dos
currículos e, mais especificamente, na formação docente em Artes Cênicas.
O dossiê reúne um artigo inédito da pensadora, escritora, educadora popular
afro-caribenha e uma das precursoras do feminismo decolonial Yuderkys Espinosa
Miñoso e mais onze artigos e um relato de profissionais que atuam em diferentes
cenários do ensino de Artes Cênicas, apresentando um importante panorama do
quanto e do como práticas decoloniais vêm sendo aplicadas no contexto do
ensino-aprendizagem em Teatro e Artes Cênicas, sobretudo no nível da educação
básica e da graduação, em diferentes regiões do país e mesmo da América do Sul.
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Agradecemos a todas as pessoas que contribuíram para a realização deste
trabalho. Que a pequena amostra reunida neste dossiê sirva de encorajamento
para que se aprofundem e se disseminem práticas curriculares decoloniais,
descoloniais e contra-coloniais na formação docente em Teatro e Artes Cênicas e
que, com isso, possamos contribuir para uma formação integral e crítica de
crianças e adolescentes na educação básica.
Recebido em: 12/12/2025
Aprovado em: 12/12/2025
Universidade do Estado de Santa Catarina
UDESC
Programa de Pós-Graduação em Teatro
PPGT
Centro de Arte CEART
Urdimento
Revista de Estudos em Artes Cênicas
Urdimento.ceart@udesc.br