Passivo e recuperação judicial: uma análise de comportamento em empresas de capital aberto

Autores

DOI:

https://doi.org/10.5965/2316419011202022115

Palavras-chave:

recuperação judicial, passivo, teoria da sinalização, contabilidade financeira, financeira, comportamento empresarial, empresas de capital aberto

Resumo

O objetivo do estudo foi analisar o comportamento dos passivos após a adesão ao processo de recuperação judicial, no intuito de verificar se a adesão está sinalizando que as empresas atendem ao objetivo do processo, ou seja, se estão cumprindo as obrigações passivas assumidas e tendo continuidade de suas atividades com otimização da capacidade financeira, indicando ao mercado a busca pelo reestabelecimento econômico e financeiro. A pesquisa é quantitativa e para alcance do objetivo foram coletados dados dos balanços patrimoniais e demonstrações do resultado de 38 empresas da bolsa de valores brasileira no período de 2011 a 2018, sendo 19 empresas que estão em processo de recuperação judicial e 19 que não fazem parte do processo. Dessa forma, foi verificado o comportamento dos saldos de passivos das empresas ao longo do período de estudo atrelado a índices financeiros de endividamento e liquidez, no intuito de verificar se as companhias que estão em recuperação judicial tiveram redução de seus passivos com consequente otimização nos índices. Para alcance do objetivo foi estimado um modelo de regressão com dados em painel. Como resultado na pesquisa constatou-se que aproximadamente 65% das empresas que aderem ao processo de recuperação judicial possuem elevado grau de endividamento bancário na época da recuperação, tendo esse grupo como principal componente de seu passivo. Além disso, verificou-se que a adesão ao plano de recuperação sinaliza que as empresas utilizam o recurso do processo de recuperação como alternativa para evitar falência e possuem dificuldade de retomar sua capacidade financeira e econômica.

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Biografia do Autor

Diego Lemos da Silva, Universidade Federal do Rio Grande

Mestre em Contabilidade pela Universidade Federal do Rio Grande, FURG, Brasil.

Pós-graduado em Controladoria e Finanças pela Universidade Católica de Pelotas, UCPEL, Brasil.

Graduado em Ciências Contábeis pela Universidade Federal do Rio Grande, FURG, Brasil.

Débora Gomes de Gomes, Universidade Federal do Rio Grande

Pós-doutora em Ciências Contábeis pela Universidade do Vale do Rio dos Sinos, UNISINOS, Brasil.

Doutora em Ciências Contábeis e Administração pela Universidade Regional de Blumenau, FURB, Brasil.

Mestra em Ciências Contábeis pela Universidade do Vale do Rio dos Sinos, UNISINOS, Brasil.

Graduada em Ciências Contábeis pela Universidade Católica de Pelotas, UCPEL, Brasil.

Professora da Universidade Federal do Rio Grande, FURG, Brasil.

m contabilidade.

Anderson Betti Frare, Universidade Federal de Santa Catarina

Doutor em Contabilidade pela Universidade Federal de Santa Catarina, UFSC, Brasil.

Mestre em Contabilidade pela Universidade Federal do Rio Grande, FURG, Brasil.

Graduado em Ciências Contábeis pela Universidade Federal do Rio Grande, FURG, Brasil.

Professor Adjunto da Universidade Federal do Rio de Janeiro, UFRJ, Brasil.

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Publicado

2022-06-29

Como Citar

Silva, D. L. da, Gomes, D. G. de, & Frare, A. B. (2022). Passivo e recuperação judicial: uma análise de comportamento em empresas de capital aberto. Revista Brasileira De Contabilidade E Gestão, 11(20), 115–132. https://doi.org/10.5965/2316419011202022115

Edição

Seção

Artigos