Há (P)lanejamentos e (p)lanejamentos – por uma gramática da participação social na produção de cartografias participativas
DOI:
https://doi.org/10.5965/19847246262025e0310Palavras-chave:
planejamento territorial, poder-saber, participação e cartografia socialResumo
As cartografias participativas, nas últimas décadas, têm sido acionadas tanto em pesquisas acadêmicas quanto em políticas públicas, aparecendo como uma prática usual em processos de diagnóstico, planejamento e gestão territoriais. Logo, cabe perguntar: mas de que participação se está tratando? O objetivo deste trabalho é comparar processos de mapeamento distintos: o modelo ofertado no Cadastro Ambiental Rural (CAR), política pública de proteção ambiental (Mares, 2015), e a Cartografia Social, metodologia de pesquisa vinculada à etnografia (Almeida, 2013). Teoricamente, partimos do pressuposto que a cartografia se apresenta como um poder-saber, servindo aos interesses daqueles que controlam os processos de mapeamento – seguindo a lógica conceitual de Raffestin (1993), o planejamento territorial poderá ser implicado por um (P)oder estatal ou por um (p)oder oriundo da sociedade civil e, por isso, torna-se importante refletir sobre os efeitos dos diferentes modelos de participação social (Souza, 2003). Com base nesses conceitos, foi proposta uma metodologia de classificação para a análise das práticas de planejamento territorial participativo. Conclui-se que as propostas analisadas apontam para diferentes possibilidades de participação social nos planejamentos territoriais, e que a proposta de classificação apresentada pode ser testada em outras pesquisas, a fim de estabelecer aproximações/distanciamentos entre diferentes práticas participativas.
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