Nós e os Outros: ensaio sobre o conflito e a cooperação e suas influências sobre os padrões de interação humanos-natureza

Autores

DOI:

https://doi.org/10.5965/19847246242023e0507

Palavras-chave:

modernidade, pós-modernidade, natureza, conflito, solidariedade

Resumo

Este artigo está inserido na problemática mais geral das relações entre natureza e cultura e tem como tema de análise o binômio relacional conflito e cooperação e suas interfaces com as histórias das ideias e da organização social nas sociedades ocidentais. O propósito é refletir sobre como as diferentes formas de interação estabelecidas entre os humanos ao longo da história influenciaram os padrões de relação entre humanos e natureza. Padrões que, por sua vez, deram origem aos modos de vida reconhecidos hoje por nós como aqueles das sociedades pré-modernas e modernas. Para evidenciar essa afirmação, comparam-se alguns aspectos centrais da evolução do pensamento científico e filosófico de ambas as sociedades, a partir de três eixos gerais que as definem e distinguem: I) as cosmogonias e cosmologias; II) as materialidades engendradas nos padrões de interações humanos-natureza e; III) os padrões de racionalidade preponderantes. Em tempos atuais, a despeito do acirramento de conflitos entre nações e da revitalização de movimentos de extrema-direita, ou talvez também por isso, nota-se uma tendência à equalização dos princípios da competição e da cooperação nos campos das ideias, valores e projetos futuros civilizatórios, o que nos coloca num processo de reorganização das estratégias de ação para se adequarem a essas inflexões, gerando resultados ainda imprevistos.

Downloads

Não há dados estatísticos.

Biografia do Autor

Andreza Martins, Universidade Federal de Santa Catarina

Doutora em Ciências Humanas pela Universidade Federal de Santa Catarina - UFSC. Pesquisadora do Instituto de Pesquisa em Risco e Sustentabilidade da Universidade Federal de Santa Catarina - IRIS/ UFSC.

Referências

AGAMBEN, Giorgio. Lo aberto: el hombre y el animal. Buenos Aires: [s.n.], 2007.

AGAMBEN, Giorgio. O que é um dispositivo? In: AGAMBEN, Giorgio. O que é o contemporâneo e outros ensaios. Chapecó: Grifos, 2010. p. 25-51.

ARENDT, Hannah. Trabalho, obra, ação. Cadernos de Ética e Filosofia Política, São Paulo, n. 7, p. 175-201, 2005.

ARENDT, Hannah. Entre o passado e o futuro. São Paulo: Perspectiva, 2000.

BENJAMIN, Walter. Obras escolhidas (vol. I). São Paulo: Brasiliense, 1985.

BENJAMIN, Walter. Sobre alguns temas em Baudelaire. In: BENJAMIN, Walter. Obras escolhidas (vol. III). 2. ed. São Paulo: Brasiliense, 1991. p. 103-149.

BOBBIO, Norberto. Igualdade e liberdade. Rio de Janeiro: Ediouro, 1997.

BONCINELLI, Edoardo. Etica, fetiche. Lo Sguardo, [s.l.], n. 8, p. 61-74, 2012.

BRYANT, Levi R. The democracy of objects. Ann Arbor: Open Humanities Press; University of Michigan Library, 2011.

BRYSON, Bill. Breve história de quase tudo. São Paulo: Companhia das Letras, 2005.

BULFINCH, Thomas. O livro de ouro da mitologia: história de deuses e heróis. Rio de Janeiro: Ediouro, 2001.

BUTLER, Judith et al. Critical intellectuals on writing. New York: State of University New York Press, 2003.

ELIAS, Norbert. Mudanças na balança nós-eu. In: ELIAS, Norbert. A sociedade dos indivíduos. Rio de Janeiro: Jorge Zahar, 1994. p. 127-193.

FOLEY, Robert. O que são os seres humanos? In: FOLEY, Robert. Os humanos antes da humanidade: uma perspectiva evolucionista. São Paulo: Editora UNESP, 2003. p. 51-69.

HÁ 370 anos nascia Isaac Newton, o maior cientista de todos. Portal Terra Notícias, [s.l.], 4 jan. 2013. Disponível em: https://acesse.one/doH45. Acesso em: 15 maio 2023.

HARAWAY, Donna. O humano numa paisagem pós-humana. Estudos Feministas, Florianópolis, n. 2, p. 277-292, 1993.

HARAWAY, Donna. Saberes localizados: a questão da ciência para o feminismo e o privilégio da perspectiva parcial. Cadernos Pagu, Campinas, n. 5, p. 07-41, 1995.

HARAWAY, Donna; AZERÊDO, Sandra. Companhias multiespécies nas naturezaculturas: uma conversa entre Donna Haraway e Sandra Azerêdo. In: MACIEL, Maria Esther (ed.). Pensar/escrever o animal: ensaios de zoopoética e biopolítica. Florianópolis: Editora UFSC, 2011. p. 389-417.

HARAWAY, Donna; KUNZRU, Hari. Antropologia do ciborgue: as vertigens do pós-humano. 2. ed. Belo Horizonte: Autêntica Editora, 2009.

HEGEL, George William Friedrich. Fragmentos sobre a História universal. In: WEFFORT, Francisco. et al. Os Clássicos da política. São Paulo: Editora Ática, 1996. v. 2. p. 135-148.

HENARE, Amiria; HOLBRAAD, Martin; WASTELL, Sari. Thinking through things: theorizing artefacts ethnographically. New York: Routledge, 2006.

HOBBES, Thomas. Leviatã. São Paulo: Martin Claret, 2006.

HORKHEIMER, Max. A revolta da natureza. In: HORKHEIMER, Max. Eclipse da razão. Rio de Janeiro: Labor do Brasil, 1976. p. 103-138.

HORKHEIMER, Max; ADORNO, Theodor. Dialética do esclarecimento. Rio de Janeiro: Jorge Zahar, 1985.

KESSERLING, Thomas. O conceito de natureza na história do pensamento ocidental. Ciência e Ambiente, Santa Maria: UFSM, v. III, n. 5, p. 19-39, jul./dez. 1992.

KOPENAWA, Davi; ALBERT, Bruce. A queda do céu: palavras de um xamã yanomami. [S.l.]: Editora Companhia das Letras, 2019.

LAW, John; SINGLETON, Vicky. Performing technology's stories: on social constructivism, performance, and performativity. Technology and culture, Lancaster, v. 41, n. 4, p. 765-775, 2000.

LATOUR, Bruno. Jamais fomos modernos. Rio de Janeiro: Editora 34, 2008a.

LATOUR, Bruno. Reensamblar lo social: una introducción a la teoría del ator-red. Buenos Aires: Manantial, 2008b.

LATOUR, Bruno. When things strike back: a possible contribution of “science studies” to the social sciences. The British Journal of Sociology, London, v. 51, n. 1, p. 105-123, 2000.

LATOUR, Bruno. Ciência em ação: como seguir cientistas e engenheiros sociedade a fora. 2. ed. São Paulo: Ed. UNESP, 2011.

LENOBLE, Robert. História da ideia de natureza. Lisboa: Edições 70, 1969.

LÍDER INDÍGENA Ailton Krenak vence prêmio Juca Pato de intelectual do ano. Folha de São Paulo (online). 22 set. 2020. Disponível em: https://www1.folha.uol.com.br/ilustrada/2020/09/lider-indigena-ailton-krenak-vence-premio-juca-pato-de-intelectual-do-ano.shtml . Acesso em: 5 setembro 2023.

LINUS E CHARLIE BROWN: o propósito de ir para a escola. Fragmento de animação por Lawrence Lagerlof. [S. l.: s. n.], 2019. 1 vídeo (57 seg.). Disponível em: https://www.youtube.com/watch?v=pKRtRvMvTEI. Acesso: 8 maio 2023.

LOCKE, John. Da propriedade. In: LOCKE, John. Segundo tratado sobre o governo. São Paulo: Abril Cultural, 1978. p. 45-54.

MAFFESOLI, Michel. O ritmo da vida: variações sobre o imaginário pós-moderno. Rio de Janeiro: Record, 2007.

MAFFESOLI, Michel. A política moderna não tem mais sentido. [Entrevista cedida a] Instituto Humanitas Unisinos. [S.l.], abr. 2014. Disponível em: https://www.ihu.unisinos.br/categorias/159-entrevistas/530525-a-politica-moderna-nao-tem-mais-sentido-entrevista-especial-com-michel-maffesoli. Acesso: 01 ago. 2014.

MAFFESOLI, Michel. Le pouvoir n’est pas irrigué par la puissance populaire [Entrevista cedida a] Front Populaire. Levallois-Perret, 09 abr. 2022. Disponível em: https://frontpopulaire.fr/culture/contents/michel-maffesoli-le-pouvoir-nest-plus-irrigue-par-la-puissance-populaire_co5842154. Acesso: 30 maio 2022.

MARX, Karl. As lutas de classes na França de 1848 a 1850. São Paulo: Boitempo, 2012.

MARX, Karl; ENGELS, Friedrich. Lutas de classes na Rússia. São Paulo: Boitempo, 2013.

MONTESINOS GILBERT, Toni. Copérnico y Kepler: vida, pensamiento y obra. Barcelona: Planeta DeAgostini, 2008.

OS DEZ autores que mais venderam livros durante a FLIP 2022. Veja Rio, Rio de Janeiro, 28 nov. 2022. Disponível em: OS DEZ autores que mais venderam livros durante a FLIP 202 Acesso: 20 maio 2023.

PIONEERS. Time 100: most influential people 2022. [S.l.]: Time, 2022. Disponível em: https://vejario.abril.com.br/cidade/os-dez-autores-que-mais-venderam-livros-durante-a-flip-2022. Acesso: 23 maio 2023.

PRIGOGINE, Ilya; STENGERS, Isabelle. A nova aliança. 3. ed. Brasília, DF: Ed. UnB, 1991.

ROSA, Carlos Augusto de Proença. História da ciência: da antiguidade ao renascimento científico. Brasília: FUNAG, 2012.

ROUSSEAU, Jean-Jacques. Discurso sobre a origem e os fundamentos da desigualdade entre os homens. São Paulo: Editora Ática, 1989.

VIVEIROS DE CASTRO, Eduardo. Who is afraid of the ontological wolf? some comments on an ongoing anthropological debate. The Cambridge Journal of Anthropology, Cambridge, v. 33, n. 1, p. 2-17, 2015.

VIVEIROS DE CASTRO, Eduardo Prefácio. In: KOPENAWA, Davi; ALBERT, Bruce. A queda do céu: palavras de um xamã yanomami. Editora Companhia das Letras, 2015. p. 11-41.

WAAL, Frans de. A era da empatia: lições da natureza para uma sociedade mais gentil. São Paulo: Companhia das Letras, 2010.

WOOLGAR, Steve; LATOUR, Bruno. A vida de laboratório. Rio de Janeiro: Relume-Dumará, 1997.

SANTOS, Boaventura Souza. Um discurso sobre as ciências. 9. ed. Lisboa: Afrontamento, 1997.

SPENCER, Herbert. Lei e causa do progresso: a utilidade do anthropomorphismo. Rio de Janeiro: Laemnent, 1889.

ZAFFARONI, Eugenio Raúl. La pachamama y el humano. Buenos Aires: Ediciones Madres de Plaza de Mayo, 2011.

Downloads

Publicado

2023-10-04

Como Citar

MARTINS, Andreza. Nós e os Outros: ensaio sobre o conflito e a cooperação e suas influências sobre os padrões de interação humanos-natureza. PerCursos, Florianópolis, v. 24, p. e0507, 2023. DOI: 10.5965/19847246242023e0507. Disponível em: https://www.revistas.udesc.br/index.php/percursos/article/view/22118. Acesso em: 4 maio. 2024.

Edição

Seção

Artigos Demanda Contínua