
ModaPalavra, Florianópolis, V. 17, N. 43, p. 257-309, jul/dez. 2024
ModaPalavra e-periódico / Dossiê  281
posicionaram efetivamente em relação à crise pandêmica de forma 
direta, produzindo conteúdos sobre essa problemática e, muitas 
vezes, recongurando as formas de se produzir conteúdo de moda, 
como as tradicionais capas de revista, que são lançadas mensalmente. 
Não apenas no sentido de referenciar um problema de saúde pública 
mundial, mas, sobretudo, de incentivar as pessoas a se protegerem 
do vírus, usando máscara, por exemplo.
Ao longo do ano de 2020, a Vogue Brasil também produziu 
capas de revista com referências à Covid-19 e ao contexto histórico 
do Brasil nos anos de pandemia, trazendo elementos e referências 
diretas à pandemia, ainda que somente nas capas de abril, maio 
e junho de 2020, conforme mostramos nas análises. Em outras 
capas, a relação estabelecida com a pandemia aconteceu de forma 
indireta, cujos sentidos puderam ser relacionados a partir do contexto 
de produção das capas, que nos permitiram gestos de leitura no 
caminho da relação entre as capas lançadas e a crise pandêmica que 
se instalou no mundo; e, de modo especial, no Brasil.
No geral, o  que  ca  evidente é  que  a  Vogue, em  sua  edição 
brasileira, se posicionou de forma sutil em suas capas, se comparado 
com outras capas da Vogue ao redor do mundo, fazendo referência 
à pandemia de uma forma muito discreta, como a capa de maio 
de 2020, com Gisele Bündchen e o “novo normal”; ou aquela onde 
vemos um curativo sobre a palavra “MODA”, capa de junho de 2020, 
elementos semióticos que apontam para os impactos negativos da 
pandemia para a indústria da moda.
Como vimos, outras edições da revista Vogue ao redor do 
mundo se posicionaram mais enfática e efetivamente em relação à 
pandemia, como a Vogue Arabia, que trouxe em uma de suas edições 
a supermodelo Iman usando uma máscara de proteção facial, não 
apenas fazendo referência ao vírus como sendo um “novo normal”, 
ou aos impactos da crise pandêmica para a indústria da moda, mas 
sim incentivando as pessoas do mundo inteiro a usarem a máscara 
para se proteger do vírus, de rápido contágio e fácil propagação. 
Note-se que a Vogue Arábia não rompeu com a tradição de trazer 
uma celebridade para gurar em suas capas, mas, dessa vez, o fez