A negação do Brasil: estereotipagem e identidade negra

Autores

  • Alice de Carvalho Lino Lecci Universidade Federal de Mato Grosso
  • Luiz Augusto Passos Universidade Federal de Mato Grosso

Palavras-chave:

Cinema, Crítica, Racismo, Estereótipo, Identidade

Resumo

Nesse artigo, apresenta-se uma crítica ao documentário “A Negação do Brasil” (2000) de Joel Zito Araújo, que é decorrente de uma pesquisa realizada pelo próprio Joel sobre os papeis atribuídos às negras e negros nas telenovelas brasileiras, durante o período de 1963 a 1997. Na crítica em questão, há o propósito de compreender se as ações das emissoras de televisão, escritores, diretores das telenovelas e dos atores e atrizes afirmam ou não uma postura discriminatória com relação às pessoas negras na sociedade brasileira. Para tanto, utilizamos o conceito de estereotipagem pensado sob a perspectiva de Stuart Hall, e o da identidade negra, conforme discutido por Kabenguele Munanga. Por fim, verifica-se o quão é recorrente a veiculação de estereótipos de negras e negros nas telenovelas brasileiras e conclui-se que esses favorecem o cultivo do preconceito no imaginário da sociedade e podem, então, desencadear ações discriminatórias. A não representação das(os) negras(os) nas telenovelas brasileiras, em todas as possibilidades coerentes às diversas personalidades existentes, exclui simbolicamente os mesmos da sociedade, visto que os estereótipos determinam limites para as ações e acabam estabelecendo padrões tidos como naturais, normais e aceitáveis. 

Downloads

Não há dados estatísticos.

Biografia do Autor

Alice de Carvalho Lino Lecci, Universidade Federal de Mato Grosso

Alice Lino Lecci é Doutora em Filosofia, pelo Programa de Pós-Graduação em Filosofia da USP. Pós-doutora pelo Instituto de Educação da UFMT, realizando pesquisa sobre o Cinema Negro. Principais publicações: “O pensamento de Mario Costa no Brasil: arte, tecnologia e a estética do sublime”. In: Vincenzo Cuomo; Igor Pelgreffi. (Org.). Arti e tecniche nel Novecento. 2017; “Infância roubada em Falcão: meninos do tráfico”. Filme Cultura, 2017; Kant e o modernismo. Rapsódia (USP), 2015.

Luiz Augusto Passos, Universidade Federal de Mato Grosso

É professor Visitante, da Universidade Federal de Mato Grosso, no Departamento de Filosofia. Professor do Departamento de Psicologia no Instituto de Ciências Humanas e Sociais, e do Programa de Pós Graduação Mestrado e Doutorado em Educação da UFMT. Coordena o Grupo de Pesquisa em Movimentos Sociais e Educação (GPMSE) e o Grupo de Estudos Educação & Merleau-Ponty (GEMPO) Tem experiência na área de Epistemologias da Educação, Psicologia da Educação, Educação Popular, atuando principalmente nos seguintes temas: educação e movimentos sociais, movimentos sociais e educação, fenomenologia merleaupontyana, educação popular freireana e antropologia educacional. 

Referências

ARAÚJO, J. Z. “A força de um desejo-a persistência da branquitude como padrão estético audiovisual”. Revista USP, n. 69, p. 72-79, 2006.

BERND, Z. A questão da Negritude. São Paulo: Brasiliense, 1984.

BULBUL, Z. “Entrevista com Zózimo Bulbul”. 3 a 1.Luiz Carlos Azedo(entrevistador). Rio de Janeiro: TV Brasil, 21/07/2011. Disponível em: <https://www.youtube.com/watch?v=_r7WqQSzghg&t=327s> Acesso em:14/08/2017.

COSTA, J. F. Da cor ao corpo: a violência do racismo. In: SOUZA, Neusa Santos. Torna-se negro. Rio de Janeiro: Edições Graal, 1990.

CUNHA, E. L. Uma interrogação psicanalítica das identidades. Caderno CRH, v. 13, n. 33, 2000.

FERNANDES, F. O negro no mundo dos Brancos. São Paulo: Global, 2007.

GUIMARÃES, A. S. A. Democracia racial. Cadernos Penesb, Niterói, n. 4, p. 33-60, 2002.

HALL, S. Cultura e Representação. Rio de Janeiro: Editoria PUC Rio, 2016.

_______. A identidade cultural na pós-modernidade. Rio de Janeiro: DP&A, 1999.

Memória Globo. A Cabana do Pai Tomás. Acesso em 9/08/2017. Disponível em: <http://memoriaglobo.globo.com/programas/entretenimento/novelas/a-cabana-do-pai-tomas/curiosidades.htm>.

MUNANGA, K. Negritude: usos e sentidos. Belo Horizonte: Autêntica Editora, 2009.

PINHEIRO, L. S.; JUNIOR, Antonio T. L.; FONTOURA, N. O.; SILVA, R.Mulheres e trabalho: breve análise do período 2004-2014. (2016). Disponível em:<http://www.ipea.gov.br/portal/images/stories/PDFs/nota_tecnica/160309_nt_24_mulher_trabalho_marco_2016.pdf> Acesso em: 12/08/2017.

PRESIDÊNCIA DA REPÚBLICA (Brasil). Lei nº 10.639, de 9 de janeiro de 2003. Altera a Lei nº 9.394, de 20 de dezembro de 1996, que estabelece as diretrizes e bases da educação nacional, para incluir no currículo oficial da rede de ensino a obrigatoriedade da temática “História e Cultura Afro-Brasileira”, e dá outras providências. Diário Oficial da União. Brasília, DF, 10 jan. 2003.

SANTOS, F. G.Filme- Documentário. “A Negação do Brasil. Revista KÀWÉ, Ilhéus, n. 3, 2009, p. 53-55.

Referência cinematográfica:

ARAÚJO, J. Z. A NEGAÇÃO do Brasil (Documentário). São Paulo, 2000, 1h 32min.Disponível em: <https://www.youtube.com/watch?v=PrrR2jgSf9M> Acesso em: 24/08/2017.

Downloads

Publicado

01-04-2018

Como Citar

LECCI, Alice de Carvalho Lino; PASSOS, Luiz Augusto. A negação do Brasil: estereotipagem e identidade negra. Revista Educação, Artes e Inclusão, Florianópolis, v. 14, n. 2, p. 117–133, 2018. Disponível em: https://www.revistas.udesc.br/index.php/arteinclusao/article/view/10486. Acesso em: 28 mar. 2024.