Para além de damas e cavalheiros: uma abordagem queer das normas de gênero na dança de salão

Autores

  • Debora Pazetto Ferreira Centro Federal de Educação Tecnológica de Minas Gerais (CEFET-MG)
  • Samuel Samways Centro de Formação Artística e Tecnológica (CEFART) da Fundação Clóvis Salgado

Palavras-chave:

Dança de salão, Corpo, Heteronormatividade, Feminismo, Queer

Resumo

Este artigo faz parte de uma pesquisa mais ampla, desenvolvida a partir da observação de uma lacuna no repertório teórico a respeito da dança de salão. Aborda-se a dança de salão do ponto de vista da educação e da arte, em articulação com a questão social e política dos papeis de gênero, trabalhada pelo viés da teoria queer. A partir das análises bibliográficas, compreende-se que o gênero não é uma condição natural, mas a identificação de cada indivíduo em termos de uma relação social preexistente estruturada coercitivamente em dois sexos estabelecidos (BUTLER, 1990, 1993, 2004). Utilizando a teoria queer aplicada à educação por Berenice Bento e Guacira Lopes Louro, analisa-se como o gênero é construído nas escolas e, por extensão, nos espaços de formação da dança de salão tradicional – nos quais as mulheres são tratadas como “damas” que devem obedecer à condução dos homens, os “cavalheiros”. O principal objetivo deste artigo é utilizar a teoria queer para refletir criticamente sobre um ambiente cultural que reforça a divisão binária normativa e os estereótipos de gênero, a submissão das mulheres e a naturalização da heterossexualidade. Por fim, investiga-se algumas propostas contemporâneas que subvertem as normas de gênero na dança de salão. 

Downloads

Não há dados estatísticos.

Biografia do Autor

Debora Pazetto Ferreira, Centro Federal de Educação Tecnológica de Minas Gerais (CEFET-MG)

Doutora em Estética e Filosofia da Arte. Professora de Filosofia e do Programa de Pós-Graduação em Educação Tecnológica do CEFET-MG.

Samuel Samways, Centro de Formação Artística e Tecnológica (CEFART) da Fundação Clóvis Salgado

Artista residente do Centro de Formação Artística e Tecnológica (CEFART) da Fundação Clóvis Salgado. Dançarino, coreógrafo e professor de dança.

Referências

ALDRICH, Elizabeth. Western Social Dance: An Overview of the Collection. Washington: Library of Congress, 2004.

BENTO, Berenice. A (re)invenção do corpo: sexualidade e gênero na experiência transexual. Rio de Janeiro: Garamond/Clam, 2006.

______. “Na escola se aprende que a diferença faz a diferença”. Revista Estudos Feministas. Florianópolis, v.19, n.2, pp. 549 – 559, 2011.

BLASIS, Carlo. Manuel complet de la danse. Paris: La Librairie Encyclopédique de Roret, 1830.

BUTLER, Judith. Gender trouble: feminism and the subversion of identity. New York: Routledge, 1990.

______. Bodies that matter. On the discursive limits of “sex”. New York: Routledge, 1993.

______. Undoing gender. New York: Routledge, 2004.

FEITOZA, Jonas Karlos de Souza. Danças de salão: os corpos iguais em seus propósitos e diferentes em suas experiências. Salvador, BA, 2011. 85f. Dissertação (Mestrado em Dança) – Universidade Federal da Bahia, 2011.

FOUCAULT, Michel. História da Sexualidade I: A vontade de saber. Tradução Maria Thereza da Costa Albuquerque e J.A. Guilhon Albuquerque. Rio de Janeiro: Edições Graal, 1988.

______. História da Sexualidade II: O uso dos prazeres. Tradução Maria Thereza da Costa Albuquerque e J.A. Guilhon Albuquerque. Rio de Janeiro: Edições Graal, 1984.

______. Microfísica do Poder. Organização, introdução e revisão técnica de Roberto Machado. 4. ed. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 2016.

GLINK, Peter; FLINK, Susan T. “Ambivalent Sexism Revisited”. Psychology of Women Quarterly, v. 35, n. 3, pp. 530-535, 2011.

LA ROCCO, Claudia. “Performing With Men’s Hands Gripping Their Throats”. The New York Times, June, 2012. Disponível em: <http://www.nytimes.com/2012/06/23/arts/dance/mimulus-dance-company-opens-jacobs-pillow-season.html?_r=0> Acesso em 25/12/2017.

LOURO, Guacira Lopes. Um corpo estranho – ensaios sobre sexualidade e teoria queer. Belo Horizonte: Autêntica, 2004.

______. Gênero, sexualidade e educação: uma perspectiva pós-estruturalista. 6 ed. Petrópolis, RJ: Vozes, 1997.

______. “Teoria Queer: uma política pós-identitária para a educação”. Revista Estudos Feministas, v.9, n.2, Florianópolis, pp. 541-553, 2001.

LISKA, María Mercedes. “El tango como disciplinador de cuerpos ilegítimos-legitimados”. TRANS – Revista Transcultural de Música, v. 13, 2009.

MARION, Jonathan S. Ballroom: Culture and Costume in Competitive Dance. New York: Berg Publishers, 2008.

______. Ballroom Dance and Glamour. New York, London: Bloomsbury Publishing, 2014.

POLEZI, Carolina; VASCONCELOS, Paola. “Contracondutas no ensino e prática da Dança de Salão: a dança de salão queer e a condução compartilhada”. Revista Presencia, Montevideo, n.2, pp. 67-83, 2017.

PRECIADO, Beatriz. Manifesto contrassexual. Tradução de Maria Paula Gurgel Ribeiro. São Paulo: n-1 edições, 2014.

SALIH, Sara. Judith Butler e a teoria queer. Tradução de Guacira Lopes Louro. Belo Horizonte: Editora Autêntica, 2015.

ZAMONER, Maristela. “Conduzir e mandar, histórias diferentes”. Dança em pauta, agosto, 2013. Disponível em: <http://site.dancaempauta.com.br/conduzir-e-mandar-historias-diferentes/> Acesso em 22/12/2017.

ZIZEK, Slavoj. Violência: seis reflexões laterais. Tradução de Miguel Serras Pereira. São Paulo: Boitempo, 2014.

Downloads

Publicado

01-07-2018

Como Citar

PAZETTO FERREIRA, Debora; SAMWAYS, Samuel. Para além de damas e cavalheiros: uma abordagem queer das normas de gênero na dança de salão. Revista Educação, Artes e Inclusão, Florianópolis, v. 14, n. 3, p. 157–179, 2018. Disponível em: https://www.revistas.udesc.br/index.php/arteinclusao/article/view/11736. Acesso em: 28 mar. 2024.